sábado, 3 de setembro de 2011

Confrontação ou Entretenimento? John MacArthur

Há milhares de igrejas, ao redor do mundo, que não querem ouvir a sã  doutrina. Não agüentariam,
por duas semanas, um ensino bíblico firme que refutasse seus erros doutrinários, que confrontasse o seu
 pecado, que  lhes trouxesse convicção e as exortasse a obedecer a verdade. Não desejam ouvir pregação
sadia. Por quê? Porque os que se encontram nas igrejas desejam possuir a Deus sem abrir mão de seu
estilo de vida  pecaminoso; por isso não toleram que alguém lhes diga o que a Palavra de Deus declara
 a esse respeito.

Então, o que desejam eles ouvir? "Cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que
sentindo coceira nos ouvidos" (2 Tm 4.3). Ironicamente, eles procuram mestres. Aliás, cercam-se de
 mestres, mas não aqueles que ensinam a sã doutrina. Escolhem mestres que lhes ensinem o que
desejam ouvir, ou seja, aquilo que satisfaz a coceira de seus  ouvidos. Desejam aquilo que os faz
sentirem-se bem consigo mesmos.  Pregadores que os ofendem, esses são rejeitados. Ajuntam ao redor
de si uma porção de professores que satisfazem seus apetites insaciáveis e egoístas. O pregador que traz
 a mensagem que mais necessitam ouvir é aquele que eles menos gostam de ouvir.

Infelizmente, pregadores com mensagens que satisfazem as coceiras nos ouvidos são abundantes em
 nossos dias. "Em épocas de fé instável, de ceticismo e de mera especulação curiosa em relação aos
aspectos espirituais, mestres de todo tipo proliferam, tal como as moscas da praga no Egito. A demanda 
gera o suprimento. Os ouvintes convidam e moldam os seus próprios pregadores. Se as pessoas desejam
 um bezerro para adorar, o ministro 'que fabrica bezerros' logo é encontrado".

Esta avidez por mensagens que agradem a coceira nos ouvidos conduz a um final terrível. O versículo 4
 diz que, por fim, essas pessoas "se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas".
 Tornam-se vítimas de sua própria recusa em ouvir a verdade. A frase "recusar-se-ão a dar ouvidos" está
 na voz ativa. Isto significa que as pessoas deliberadamente escolhem essa atitude. A frase "entregando-se
às fábulas" está na voz passiva, descrevendo o que acontece a elas. Tendo  dado as costas à verdade,
tornam-se instrumentos de Satanás. A ausência de luz são as trevas.

Isso está acontecendo na igreja contemporânea. O evangelicalismo perdeu sua tolerância para com a
 pregação confrontadora. A esta altura, a igreja flerta com os mais graves erros doutrinários. Os cristãos
 buscam imprudentemente a revelação extra-bíblica na forma de profecias e sonhos. Os pregadores
 negam ou ignoram a realidade do inferno. O evangelho moderno promete o céu sem uma vida de
santidade. As igrejas ignoram o ensinamento bíblico acerca do papel da mulher, do homossexualismo
 e de outras questões sensíveis. Os recursos humanos substituíram a mensagem divina. Isso tudo
 compromete a doutrina seriamente. Se a igreja não se arrepender e retornar ao caminho de 
ascendência (como diria Spurgeon), estes e outros erros semelhantes se tornarão epidêmicos.

Observe novamente a frase-chave no versículo 3: "Como que sentindo coceira nos ouvidos". Por que
 não suportam a sã doutrina? Por que cercam-se de mestres e voltam as costas para a verdade?
 Porque no seu íntimo o que pretendem é satisfazer a coceira de seus ouvidos. Não querem ser 
confrontados. Não querem sentir convicção de pecado. Desejam ser entretidos; querem pregações
 que produzam sentimentos agradáveis. 
Desejam sentir-se bem. Querem satisfazer a coceira dos seus ouvidos com anedotas, humor,
 psicologia, palestras motivacionais, estímulos, pensamento positivo, auto-satisfação e sermões que
 fortalecem o ego. 
Correção, repreensão e exortação bíblicas são inaceitáveis.

Mas a verdade de Deus não faz cócegas em nossos ouvidos; ela esbofeteia os nossos ouvidos. Ela
 os queima. Primeiramente, ela corrige, repreende e traz convicção; depois, ela exorta e encoraja.
Os que pregam a Palavra precisam ter o cuidado de manter esse equilíbrio.

Em João 6, após Jesus ter pregado um sermão bastante severo, a Bíblia nos diz: "À vista disso, muitos
 dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele" (v. 66). Enquanto as multidões se
 retiravam, nosso Senhor voltou-se a seus discípulos e perguntou: "Porventura, quereis também vós
outros retirar-vos?" (v. 67). A resposta de Pedro, em nome dos demais apóstolos, é significativa:
 "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna" (v. 68). Esta é a resposta correta. 
Revela a diferença entre os verdadeiros discípulos e os demais: a fome pela Palavra. Jesus afirmou:
 "Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos" (Jo 8.31). Pessoas
que buscam ser alimentadas ou entretidas, curiosos e gente que apenas segue as multidões não são,
 de forma alguma, discípulos verdadeiros. Os que amam a Palavra são os verdadeiros seguidores de
 Cristo. Esses não desejarão ouvir pregadores que cocem seus ouvidos.

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