quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

As implicações do livre-arbitrio- C. H. Spurgeon

De acordo com o esquema do livre-arbítrio, o Senhor tem boas intenções,
mas precisa aguardar como um servo, a iniciativa de sua criatura, para
saber qual é a intenção dela. Deus quer o bem e o faria, mas não pode,
por causa de um homem indisposto, o qual não deseja que sejam realizadas
as boas coisas de Deus. O que os senhores fazem, senão destronar o
Eterno e colocar em seu lugar a criatura caída, o homem ?

Pois, de acordo com essa teoria, o homem aprova, e o que ele aprova torna-se oseu destino. Tem de existir um destino em algum lugar; ou é Deus ou é o
homem quem decide. Se for Deus Quem decide, então Jeová se assenta
soberano em seu trono de glória, e todas as hostes Lhe obedecem, e o
mundo está seguro. Em caso contrário, os senhores colocam o homem em
posição de dizer: "Eu quero" ou "Eu não quero. Se eu quiser, entro no
céu; se quiser, desprezarei a graça de Deus. Se quiser, conquistarei o
Espírito Santo, pois sou mais forte do que Deus e mais forte que a
onipotência. Se eu decidir, tornarei ineficaz o sangue de Cristo, pois
sou mais poderoso que o sangue, o sangue do próprio Filho de Deus.
Embora Deus estipule Seu propósito, me rirei desse propósito; será o meu
propósito que fará o dEle realizar-se ou não".

Senhores, se isto não é ateísmo, é idolatria; é colocar o homem onde Deus deveria estar. Eu me retraio, com solene temor e horror, dessa doutrina que faz a maior das obras de Deus - a salvação do homem - depender da vontade
da criatura, para que se realize ou não. Posso e hei de me gloriar neste
texto da Palavra, em seu mais amplo sentido: “Assim, pois, não de pende
de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”
(Romanos 9: 16).

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Jesus, os Fariseus e o Livre-Arbítrio - John Piper

Para muitos, hoje em dia, é intrigante que Jesus coloque tal valor nos
direitos soberanos da liberdade eletiva de Deus, a ponto de falar da
maneira como o faz àqueles que O rejeitam. Ele fala de maneira a
impedi-los de vangloriarem-se, como se pudessem anular os propósitos
últimos de Deus. Em João 10.25-26, por exemplo, Jesus respondeu aos
céticos que exigiam mais e mais provas: “Já vo-lo disse, e não credes.
As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito. Mas
vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas”. Pense nisto por um
momento. Pense acerca do que significa e no fato que Jesus proferiu
tais palavras a pessoas incrédulas.

Imagine-se como um fariseu ouvindo a mensagem de Jesus e dizendo a si
mesmo: se Ele pensa que eu vou ser sugado para dentro desse movimento
junto com coletores de impostos e pecadores, está louco. Eu tenho
vontade própria e poder para determinar o meu próprio destino. Em
seguida, imagine Jesus, sabendo o que se passa no seu coração e dizendo:
“Você se vangloria em seu íntimo porque acha que tem o controle de sua
própria vida. Você pensa que pode frustrar os planos máximos de meu
ministério. Você imagina que os grandes propósitos de Deus na salvação
são dependentes de sua vontade vacilante. Em verdade, em verdade eu lhe
digo que a razão final pela qual você não crê é porque o Pai não o
escolheu para estar entre as minhas ovelhas”. Em outras palavras, Jesus
está dizendo: “O orgulho final da incredulidade é destruído pela
doutrina da eleição”. Aqueles a quem Deus escolheu, Ele também os deu ao
Filho; e aqueles a quem Ele deu ao Filho, o Filho também os chamou; e
para aqueles que foram chamados, Ele deu sua vida; e para esses Ele deu
alegria eterna na presença de sua glória. Este é o prazer do Pai.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Predestinação e presciência - Calvino

Predestinação e presciência são elementos correlatos, não esta a causa daquela; a Predestinação evidenciada na eleição de Israel, escolhido por Deus pelo mero Beneplácito de Deus.

Ninguém que queira ser tido por homem de bem e temente a Deus se atreverá a
negar simplesmente a predestinação, pela qual Deus adota a uns para a
esperança da vida, a outros destina à morte eterna, porém, a envolvem em
muitas cavilações, sobretudo os que fazem da presciência sua causa. E nós, com efeito, admitimos que a ambas estão em Deus, porém o que agora afirmamos é que é totalmente infundado fazer uma depender da outra.
Quando atribuímos presciência a Deus, queremos dizer que ele tem sempre e
perpetuamente permanente sob as vistas, de sorte que, ao seu conhecimento, nada é futuro ou pretérito; ao contrário, todas as coisas estão presentes, e de fato tão presentes que não as imagina como meras idéias – da maneira como imaginamos aquelas coisas das quais nossa mente retém a lembrança –, mas as visualiza e discerne como se estivessem verdadeiramente diante dele. E esta presciência se estende a todo o âmbito do mundo e a todas as criaturas.

Chamamos predestinação o eterno decreto de Deus pelo qual houve por bem
determinar o que acerca de cada homem quis que acontecesse. Pois ele não quis criar a todos em igual condição; ao contrário, preordenou a uns a vida eterna; a outros, a condenação eterna. Portanto, como cada um foi criado para um ou outro desses dois destinos, assim dizemos que um foi predestinado ou para a vida, ou para a morte. Deus, porém atesta esta predestinação não só em cada pessoa, mas também deu exemplo dela em toda a descendência de Abraão, da qual fizesse manifesto que está em seu arbítrio de que natureza seja a condição futura de cada nação. “Como o Altíssimo dividisse os povos e separasse os filhos de Adão, sua porção foi o povo de Israel, o cordel de sua
herança” [Dt 32.8, 9]. A separação está ante os olhos de todos: na pessoa de Abraão, como que em um tronco seco, rejeitados os outros, somente um povo é peculiarmente eleito. A causa dessa escolha, porém, não se põe à mostra, senão que Moisés, para que aos descendentes cortasse a asa de gloriar-se, ensina que estes se sobressaem somente pelo gracioso amor de Deus.

Ora, ele determina que esta é a causa de sua libertação: que “Deus amou a seus pais e escolheu sua semente após eles” [Dt 4.37]. Mais expressamente em
outro capítulo: “O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu,porque vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos. Mas porque o Senhor vos amava ...” [Dt 7.7, 8]. Muitas vezes mais, nele se repete esta afirmação: “Eis que os céus e o céu dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão-somente o Senhor se agradou de teus pais para os amar; e a vós, descendência dele, escolheu ...” [Dt 10.14, 15].

Igualmente, em outro lugar preceitua-lhes a santificação, porque foram escolhidos para ser “seu povo especial” [Dt 7.6]. E, em outro lugar, por sua vez, declara que seu amor é a causa de sua proteção [Dt 23.5]. Isto proclamam também os fiéis, a uma voz: “Escolherá para nós nossa herança, a glória de Jacó, a quem amou” [Sl 47.4]. Pois os dotes dos quais foram por Deus adornados atribuem-lhe todos ao gracioso amor, não só porque sabiam que não foram alcançados por algum mérito pessoal, mas também que nem o próprio santo patriarca teve virtude suficiente para adquirir para si e para sua posteridade tão singular prerrogativa e dignidade. E, para que mais vigorosamente esmagasse toda soberba, lança-lhes em rosto que nada dessa natureza haviam merecido, visto ser este um povo contumaz e de dura cerviz [Ex 32.9; Dt 9.6].
Também os profetas lançam com freqüência esta eleição diante dos judeus,
de forma odienta e à guisa de reprimenda, visto que haviam se afastado
dela vergonhosamente.

O que quer que seja, adiantem-se agora os que querem restringir a eleição divina ou à dignidade dos homens ou aos méritos das obras. Quando vêem um povo ser preferido a todos os outros e ouvem que Deus não se deixou induzir por nenhum respeito que o levasse a ser mais propenso a uns poucos e maus e indignos, aliás, até mesmo ímpios e indóceis, porventura litigarão com ele porque quis exibir tal demonstração de misericórdia? Com efeito, muito menos impedirão sua obra com suas vozes estridentes; nem atirando ao céu as pedras dos insultos haverão de ferir ou danificar a justiça; antes elas haverão de cair em suas cabeças. Os israelitas são também lembrados deste princípio de um pacto de graça, quando se trata de dar graças a Deus, ou de confirmar-se numa esperança em relação ao tempo futuro. “Ele nos fez, e não nós mesmos”,
diz o Profeta, somos seu povo e ovelhas de seu pastoreio” [Sl 100.3]. A
negação que emprega não é supérflua: “e não nós mesmos”, o que se adiciona com vistas a excluir-nos, para que saibam que Deus é não só o autor de todas as coisas boas que os fazem mais excelentes, mas que também ele mesmo é a causa, porque não existia neles nada que os fizesse dignos de tão grande honra.

Com estas palavras também ordena que estejam contentes com o simples
beneplácito de Deus: “Vós, semente de Abraão, seu servo; vós, filhos de Jacó, seus escolhidos” [Sl 105.6]. E depois de enumerar os benefícios contínuos de Deus como frutos da eleição, afinal conclui que ele agiu com tanta generosidade porque “se lembrou de seu pacto” [Sl 105.42]. O cântico de toda a Igreja faz ecoar esta doutrina: “Pois não conquistaram a terra por sua espada, nem seu braço os salvou, mas tua destra e teu braço, e a luz de tua face, porquanto te agradaste deles” [Sl 44.3].
Devese, porém, notar que onde se faz menção da terra, ela é o símbolo visível da separação secreta em que se contém a adoção. Davi, em outro lugar, exorta ao povo à mesma gratidão: “Bem-aventurada a nação cujo Deus é Jeová, o povo ao qual escolheu para si por herança” [Sl 33.12].
Samuel os anima à boa esperança: “Deus não vos abandonará, por amor de seu grande nome, já que lhe aprouve criar-vos para serdes seu povo” [1Sm 12.22]. Como também Davi se arma para a batalha, quando sua fé é atacada: “Bem-aventurado aquele a quem escolheste, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios” [Sl 65.4]. Mas, a eleição oculta em Deus foi confirmada tanto pelo primeiro livramento, quanto pelo segundo e por outros benefícios
intermédios, Isaías transfere o termo eleger ao fato de que “Deus se compadecerá de Jacó e ainda elegerá de Israel” [Is 14.1]; porquanto, delineando o tempo vindouro, o Profeta diz que o sinal da eleição estável e sólida é o ajuntamento do povo remanescente, ao qual parecera haver abdicado, ajuntamento que nesse tempo parecera haver sido frustrado. Além disso, quando se diz em outro lugar: “Eu te escolhi e não te rejeitei” [Is 41.9], o Senhor enfatiza o curso contínuo da insigne liberalidade de sua paterna benevolência. Mais expressamente, diz o Anjo em Zacarias [2.12]: “Deus ainda escolherá a Jerusalém”, como se, castigando-a mais duramente, a houvesse rejeitado, ou como se o exílio houvesse sido a interrupção da eleição, a qual, todavia, permanece inviolável, ainda que suas evidências nem sempre se exibam tão nitidamente.

Genesis capítulo 4

Caim e Abel, diferentes atitudes de dois pecadores perante Deus.

Gn.4: 1- Podemos ver que Eva guardava o sentido da religiosidade e da gratidão a Deus e, apesar de terem sido expulsos do Éden, ela louva ao Senhor com gratidão pelo nascimento de seu filho.

Gn.4: 2a5- Aqui podemos ver a clara diferença de um crente que conhece ao
Senhor e de um que é apenas participante da Igreja. O que diferenciava esses
dois adoradores? Seria uma questão de caráter, um teria o coração melhor que o
outro? Seria uma questão de natureza?

Pela Palavra de Deus compreendemos que depois da queda, ambos possuíam uma natureza decaída e contaminada pelo pecado e que nada havia de natural que
os distinguisse, ambos eram pecadores, quem é “nascido da carne é carne” (Jo3: 6).
Podemos glorificar a Deus, pois aqui, nestes dois irmãos iremos ver a
manifestação da graça de Deus através do Dom da Fé que vem de Deus. Adão se
tornou o líder de uma raça caída, que pela sua “desobediência”, foi feita de
“pecadores” (Rom.5: 19). Sabemos que Adão, pela fé, implantada em seu coração,
ouviu do Senhor a Grande Promessa que da semente da mulher Nasceria o Salvador
pra esmagar a cabeça da serpente. Pela fé, ele poderia esperar Aquele que pela
morte iria vencer a morte, Aquele que pelo Seu Sangue Bendito derramado na Cruz abriria um vivo e perfeito caminho de volta à comunhão com Deus.

Rm.5: 12,18,19- As duas naturezas. Uma recebida de Adão, outra de Cristo.
Sabemos que a maneira de recebermos a natureza do primeiro homem é por meio do
nascimento, assim também o modo de recebermos a natureza do Segundo homem é por meio do Novo Nascimento.

Adão pôde compreender que “a vida da carne esta no sangue” (Gn.9: 4) e que “sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados (Hb.9: 22). Ele
esperava um salvador, ele desejava um salvador, ele compreendeu que não havia
nada nele mesmo e nada que ele pudesse FAZER por si mesmo afim de se salvar e
estabelecer relacionamento com o Pai, ele havia compreendido que deveria
vestir-se com a pele de outro (Gn.3: 21), com a Justiça de Outro, com o
sacrifício de Outro, afim de ser justificado e aceito. Ele tinha essa fé, mas
não poderia transmiti-la a seus filhos, ela era uma possessão divina. Não era
hereditária. Adão podia ensinar a seus filhos métodos, costumes e ritos
oferecidos ao Senhor, mas a fé, cada um receberia do Senhor.

Desta forma, um bebê recém nascido, ainda que nada tenha feito de errado, é participante da natureza decaída de Adão. Assim também, um recém nascido de Deus, uma alma regenerada, embora nada tenha feito à semelhança da perfeita obediência do homem Cristo Jesus, é, contudo participante de Sua Natureza Santa e Perfeita!! “Oh Aleluia e Glória ao Nosso Deus”!

Onde estava a diferença entre Caim e Abel. Estaria em suas naturezas?
Ambos não eram pecadores? O que os distinguia? A diferença não apareceu neles,
em suas naturezas ou circunstâncias, mas em seus sacrifícios. Isto está
claramente relatado em Hb.11: 4- “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala”.

Porque a Bíblia diz que Abel possuía fé? Qual era a mensagem de seu
sacrifício? Vamos entender isso comparando com aquilo que Caim ofereceu.

Gn.4: 3- E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra
uma oferta ao SENHOR. Caim, o irmão mais velho e, provavelmente, o mais forte,
herdou de seu pai Adão, a profissão de lavrador da terra. Sem ferramentas
agrícolas, tratores ou incrementos, com muito suor e esforço, lavrou a terra
que estava debaixo da maldição de Deus e colheu o melhor de seus frutos para
oferecer ao Senhor. Não podemos duvidar da sinceridade de Caim e de sua grande
tristeza ao perceber que Deus rejeitara o seu sacrifício. Facilmente podemos perceber que ele era um homem de caráter forte e grande orgulho, ela havia aprendido folhas de figueira (obras humanas) não poderiam esconder a vergonha da nudez do pecado (Gn.3: 7), seus pais já haviam tentado esse método, o método da justiça humana, esforço humano, auto-justificação. Ele sabia que somente o sangue de outro cobria a nudez (Gn.3: 21), mas ele tinha muita convicção de que seu método, seu sacrifício SEM sangue, poderia agradar a Deus, ele não desejava ouvir os velhos ensinos transmitidos por seu pai. Afinal, Ele trabalhou tanto, ele era bom em lavrar a terra e, se ele era bom em cuidar da terra, porque não oferecer do fruto dela ao Senhor. Ele deve ter pensado que com seu grande esforço e sacrifício ele poderia se aproximar de Deus, ele poderia ser justificado por si mesmo, por suas boas obras na terra, seria auto-suficiente quanto à salvação.

Ele não compreendeu que sem vida sacrificada, não pode haver aproximação
de Deus. Vemos que nosso Mestre Jesus “andou fazendo o bem” em toda a sua vida
(At.10: 38), mas foi a Sua morte de Cruz que rasgou o véu de separação
(Mt.27: 51). Quanto orgulho e presunção havia em Caim quando criou seu próprio
método de adoração, recusando-se a crer que somente o método de Deus é
aceitável a Deus e que somente pelo sangue do Cordeiro Santo, podemos ser
justificado e somente a crucificação da natureza adâmica dá lugar a Natureza de Cristo. Ele não teve fé para entender que “Deus não é servido por mãos de
homens, como que necessitando de alguma coisa” (At.17: 25), não entendeu que a
salvação não é por nossos méritos ou obras, mas que tudo vem de Deus (Rm.11: 35) e que das mãos Dele recebemos (ICr.29: 14). Não temos nenhuma virtude, esforço ou bondade que possa impressionar a Deus, temos que aprender que dependemos Dele em tudo e que nosso papel é aceitar o que Ele nos oferece, aceitar Sua Bendita Graça, Seu Bendito Sacrifício e Seu próprio Sangue que nos lavou e remiu e que, pela Fé, Abel compreendeu e profetizou quando derramou o sangue de seu cordeiro diante do altar.

Gn.4: 4- “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta”. Abel
compreendeu, pela fé, a grande verdade que ele poderia por entre si e as
conseqüências de seu pecado, a morte de outrem, um substituto para carregar a
morte decorrente do pecado. Uma vítima imaculada para cumprir as exigências da
Santidade de Deus, assim: “......nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a
morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” (IITim.1: 10). Ao
invés de oferecer os frutos de uma “terra amaldiçoada” (Gn.3: 17) a Deus, Abel
reconhece sua culpa, seu estado de pecado e encontra um “substituto” para
morrer em seu lugar, morrendo a morte destinada ao pecador, “porque o salário
do pecado é a morte” (Rm6: 23). Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos
paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm.5: 1), “pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era
justo” (Hb.11: 4). Nada tem a ver com sentimentos, apenas fé!

Porque Abel ofereceu o sangue e a gordura? O Sangue representava a “vida” e a gordura a excelência, por isso a Lei dada a Moisés proibia que se comesse o sangue (Gn.9: 4; Lv.17:11). “Estatuto perpétuo é pelas vossas geraçöes, em todas as vossas habitações: nenhuma gordura nem sangue algum comereis” (Lv3: 17). Ó maravilhoso sacrifício realizado por Nosso Senhor Jesus:
Ele derramou todo o Seu bendito Sangue e em Sua ressurreição Ele diz: “um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc.24: 39). Ele não diz carne e SANGUE, Ele diz carne e ossos. Porque motivo? Porque aquilo que foi ofertado por nossa vida e deixado na Cruz, Ele não poderia reaver, foi ofertado ao Pai. Algo que muito impressionou os Judeus foi a afirmação do Senhor Jesus: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo.6: 54) “meu sangue verdadeiramente é bebida” (Jo.6:55). Todo Judeu sabia que jamais poderia beber sangue, mas aqui o Senhor Jesus diz que deveriam beber do bendito sangue porque “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo.1: 4). Neste sangue derramado temos a vida, o Senhor doou todo o Seu sangue em nosso favor, este sangue agora esta a disposição de todo o pecador contrito e arrependido que se volta para Deus em busca da Verdadeira Vida.

Vemos na história de Caim e Abel a clara identificação dos ofertantes com os seus sacrifícios. De Abel diz a Palavra: “Deus dá testemunhos de seus dons” (Hb.11: 4). Deus justifica e abençoa Abel pelo seu “dom” ou sua dádiva,sua oferta. O que diferenciou Abel foi o seu sacrifício e não suas qualidades
de um pecador mais “bonzinho” ou menos “mal”. Este é um ensino tremendo para a
Igreja de nossos dias, que jamais venhamos a oferecer a Deus sacrifícios de
nossa criatividade ou da beleza de nossas obras na terra, mas que não reflitam
o Verdadeiro sacrifício de Cristo na Cruz.

Na versão dos LXX ou septuaginta lemos em Gn.4: 7- “Se bem fizeres ou se
fizeres sua oferta corretamente, não é certo que serás aceito?” Temos um
tremenda revelação neste indagação, porque vemos dois religiosos apresentando
duas ofertas, uma segundo o modelo Bíblico, outra segundo o modelo humano e
terreno, um que baseava no sangue ofertado, outro que seguia a cultura ou o
“cultivo da terra”, um era de fato celestial, o outro era terreno e mundano.
Por fim, o falso adorador, o falso religioso, passa a odiar seu irmão a ponto
de perseguir e matar, não é assim que sempre ocorre em todas as eras da Igreja?

Que tragédia ocorreu com Caim, por ignorar o caráter de Deus ele disse que seu pecado era grande demais para ser perdoado e saiu da presença de Deus
para construir uma cidade e teve na sua família os inventores e apreciadores
das ciências úteis e ornamentais – agrônomos, músicos e mestres de todas as
obras de metais. Ele não queria o perdão, porque não queria Deus. Era
radicalmente corrupto e fundamentalmente mau, mas não tinha o sentido exato de
sua condição. Tudo o que desejava era fugir da presença de Deus e perder-se no
mundo com suas ocupações. Pensou que podia viver muito bem sem Deus, e portanto dispôs-se a aformosear o mundo, tanto quanto pôde, com o fim de o tornar um lugar aprazível, e ele próprio um homem digno de respeito nele; embora aos olhos de Deus o mundo estivesse debaixo de maldição, e ele fosse um “fugitivo e vagabundo” (Gn.4: 12).

Assim ficou estabelecido o caminho de Caim. Todos aquele que desejam
oferecer algo a Deus, deseja apresentar o resultado de seu labor,
desconhecem-se a si próprios, vivem na ignorância do caráter de Deus, mas
possuem uma religião, desejam “melhorar o mundo”, tornar a vida agradável em
vários modos, adornar a cena com cores mais belas e finalmente, o Remédio de
Deus é rejeitado, e os esforços do homem para melhorar sua condição é posto em
seu lugar.

O sangue de Abel clama da terra, mas o som das harpas e instrumentos feitos pelos filhos Caim abafam esse som. Em nossos dias o Sangue do Filho de Deus foi derramado sobre a terra e assim como Abel, ao invés de edificar uma
cidade na terra, ele achou apenas uma sepultura em suas entranhas e a Sua
cidade é a Jerusalém celestial.
Na terra os filhos de Caim possuem sua pátria, mas nós, os filhos de Deus,
declaramos: “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fil.3: 20).

Acyr

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Tenha cuidado da Doutrina - Raymond Perron

Nos dias de hoje chegamos a um ponto no qual a doutrina não é mais um assunto discutido, até mesmo entre muitos dos seguidores professos de Cristo. Os dias em que linhas rígidas e firmes eram traçadas entre as pessoas, com base em suas diferenças doutrinárias, ficaram no passado, foram substituídas por uma ênfase na experiência. Porém, a experiência, à qual não foi dado significado com embasamento na verdade, é a de estrutura mais perigosa. Então deixe-me chamar a sua atenção para a primazia da doutrina e, consequentemente, a tarefa máxima de cuidar dela.
Em primeiro lugar, considere a importância da doutrina (ensino) na vida e ministério de nosso Senhor Jesus Cristo. ''Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina (ensino)" (Mt. 7: 28). ''Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus" (Mt. 16.12). "E os principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava de sua doutrina (ensino)" (Mc. 11:18; Mt 22:23; Mc 1:27; 4:2; 12:38; Lc 4:32). O que dizem estes versículos? Nosso amado Senhor não estava tentando instigar as exigências de seu tempo, transformando seus sermões em exposições filosóficas, morais ou estéticas; muito menos estava limitando sua apresentação da verdade, a fim de ir ao encontro das opiniões ou fantasias de seus ouvintes. A verdade permanece a verdade, contanto que seja dita em concordância com aquilo que Deus afirma ser a verdade. Apenas o Onipotente tem autoridade para definir a doutrina, pois ela é originada em sua mente. Assim, quando o Filho de Deus veio à terra, Ele praticou e ensinou a doutrina de seu Pai; "O meu ensino(doutrina) não é meu, e sim daquele que me enviou" (Jo 7:16). "Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim falo" ( Jo 12:49,50).
Sua missão, amado irmão, é ser um profeta do Senhor Jesus Cristo. Um profeta não cria sua própria mensagem, e sim comunica fielmente a mensagem que recebeu. E exatamente a mesma doutrina que era tão preciosa ao coração de nosso Senhor precisa também ser preciosa para nós. Então, cuida da doutrina e seja fiel ao ensinar tudo aquilo que Deus tem nos entregue através de sua Palavra.
Considere a importância da doutrina para sua própria vida. A vida é uma peregrinação cheia de acontecimentos; nela, experimentamos uma interminável sucessão de estações. Meu querido amigo, deixe-me confessar-lhe que eu tenho experimentado uma superabundância de diferentes estados de alma, desde a mais maravilhosa alegria até o mais profundo desespero, do mais ardente entusiasmo ao mais escuro e mórbido passivismo, consequência de uma perda de motivação. Em cada uma das circunstâncias, a doutrina se mostrou uma poderosa defesa. Como eu estimo as palavras do apóstolo: " A mim, não me desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas" (Fp 3:1). É tão necessário que nos mantenhamos na sã doutrina, evitando a cilada de estar sempre procurando as novidades !... O apóstolo escreveu sobre como os lobos, até mesmo de dentro da igreja, virão e não pouparão o rebanho. Deixe-me lembrar Timóteo, que a forma mais eficiente de manter o rebanho a salvo da astúcia e artimanhas dos lobos, e contra os mais variados ventos de doutrinas mortais, é construir uma fortaleza de sã doutrina. " Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes" (1Tm 4:16).
Você certamente irá entender, amado amigo, que, se eu insisto tanto na necessidade de cuidar da doutrina, é porque tantas circunstâncias e adversários tentarão impedi-lo de fazê-lo. Então, deixe-me lembrar-lhe de dois deles, a saber, a influência dos colegas e o relativismo desmedido.
Começo falando sobre o último deles, o relativismo. Este vício abominável está sendo considerado uma virtude em nossos dias. Na verdade, ser dogmático hoje é o pecado imperdoável, enquanto estar "aberto às novidades" é a graça suprema, ainda que ao custo da verdade. Esteja preparado para ouvir todo tipo de afirmações das mais absurdas possíveis, tais como: " Não faz a menor diferença em que você acredita, contanto que seja sincero"; ou, então: " Nós todos iremos para o mesmo lugar, no fim das contas, apenas seguimos estradas diferentes". Nada poderia estar mais distante da revelação de Deus que estes clichês insípidos. Um líder cristão sabiamente advertiu: "Onde as Escrituras são ignoradas, Deus é o Deus desconhecido" ( At 17:23). Você também encontrará algumas pessoas dizendo: "Não importa no que você acredita, contanto que tenha um relacionamento pessoal com Jesus Cristo". Você certamente concorda comigo, que não contestaríamos a necessidade de tal relacionamento com nosso Senhor; no entanto, a existência deste relacionamento, assim como sua qualidade, depende da doutrina. Um relacionamento baseado em mentira é o mais enganoso possível. Um verdadeiro relacionamento com Jesus deve ser embasado na verdade. Apenas quando conhecemos a verdade, somos libertos (Jo 8:32).
Se você olhar ao seu redor, logo reconhecerá que a maior preocupação de nossas igrejas evangélicas contemporâneas são os sentimentos. Esta preocupação se manifesta mais comumente durante as músicas e pregação na igreja ( com frequência, identificadas erroneamente como 'louvor e adoração'). De forma que, após um culto, no qual foram cantados hinos tradicionais, muitas pessoas podem chegar a você e perguntar por que não há louvor e adoração na sua igreja. para elas, se não experimentarem fortes sensações de bem-estar, não houve nem louvor e nem adoração- como se a adoração devesse consistir em estimular uns aos outros ao invés de proclamar as virtudes e obras de Deus. Em segundo lugar, hoje em dia é comum ver pessoas desejosas de falar da importância da teologia apenas da 'boca para fora', enquanto os seus púlpitos 'em sua maior parte já sucumbiram ao triunfo do terapêutico', como um teólogo contemporâneo colocou muito bem. Na verdade, meu caro amigo, esteja preparado para enfrentar o fato de que, de muitas formas, a psicologia tem tornado a mente evangélica cativa. Como é importante lembrar-se de que a verdadeira " psicologia" é a Palavra de Deus !
Você também terá de lidar com os falsos piedosos, que divorciaram a verdadeira espiritualidade da teologia. Teologia é simplesmente aquilo que nós sabemos sobre Deus. Como, então, alguém pode ter uma espiritualidade autêntica sem o verdadeiro conhecimento de Deus? Se você almeja desenvolver uma profunda espiritualidade no povo a quem está ministrando, tenha cuidado da doutrina!
Deixe-me compartilhar com você alguns pensamentos sobre o segundo obstáculo à sã doutrina: a influência dos colegas. O apóstolo Paulo adverte sobre o que espera cada pregador do glorioso evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo: Pois havera tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de uma evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério (2Tm 4:3-5)
Meu amado irmão, aqueles que são deste mundo não suportarão a sã doutrina. Eles não quererão ouvir quando você pregá-la. Eles dirão que aquela pregação já está ultrapassada e monótona. No mundo dos negócios, quando você tem um produto que ninguém mais quer, é dito que você deve mudá-lo e adaptá-lo ao gosto do consumidor. Mas esta não é a regra do Reino; a verdade não é um produto que pode ser adaptado de acordo com as fantasias do consumidor. A Palavra de Deus não é um produto desenvolvido através de pesquisa; é a revelação de Deus. Mensageiros não editam ou adaptam uma revelação; eles a proclamam. Então, o argumento do apóstolo é este: o fato de que as pessoas não querem ouvir a mensagem é um indicador certeiro de que precisam dela. Então, pregue a Palavra!
Permita-me alertá-lo, com base em minha própria experiência, que tentarão seduzi-lo a adaptar a mensagem do evangelho, a fim de que mais e mais pessoas sejam atraídas à igreja. Você encontrará no seu próprio coração um desejo sutil de obter o sucesso aos olhos do povo. Além disso, fica tão bem em nossos relatórios mensais um impressionante crescimento numérico. Você também será tentado a espiritualizar sua motivação errada, dizendo que está apenas procurando a melhor forma de promover o reino de Deus. Além disso, não faltarão supostos conselheiros que o convidarão a olhar com que velocidade a igreja do outro lado da rua está crescendo. Por que você não deveria adotar a mesma estratégia? "Aqui está a forma de conduzir o ministério, de uma maneira que será mais agradável aos anseios da maioria do povo". "Não estamos falando de mudar a mensagem, mas apenas de suavizá-la um pouquinho, contando apenas a parte que elas querem ouvir, a fim de ganhá-las para Cristo". Isso não é sutil? Não lhe parece bom? Porém,, seguir estes conselhos representa uma negação daquilo que a Bíblia ensina sobre nossos métodos de evangelismo. Seria adotar o credo sofista: homo censura - o homem é a medida de todas as coisas. Tenha sempre em mente, caro amigo, que é a Palavra de Deus que realiza a obra de Deus. O poder não está no semeador, mas na semente. Olhe para o nosso gracioso Senhor. Ele nunca estava preocupado com números, mas sim obcecado pela verdade. Seja seu imitador! Nunca se esqueça de que a igreja não é uma reunião de pessoas que convencemos com argumentos humanos ou atraímos por métodos mundanos. A igreja do Deus vivo é o pilar e fundação da verdade. Então, tenha cuidado da doutrina!
Seja cuidadoso no cultivo de sua própria vida espiritual, entregando-se à oração e ao estudo diligente e regular da Palavra de Deus. Que as palavras do salmista sejam o testemunho do seu próprio coração: " Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia! ... Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca" (Sl 119:97, 103). Todos os tipos de atividades importantes e urgentes constantemente tentarão competir com estas primeiras tarefas que são suas, como um ministro da Palavra. esteja sempre em guarda e prepare-se para uma luta difícil e diária nesta questão! Cultive um companheirismo constante e sistemático com a Bíblia! Refresque a sua mente através de confissões de fé e livros sobre teologia sistemática! Aproveite ao máximo as oportunidades para estar em comunhão com pessoas de pensamento semelhante.
Oh, meu mais amado jovem cooperador, pregue a Palavra! Pregue-a de uma forma sã; pregue-a de uma forma fiel, pregue-a de uma forma sistemática; pregue-a de uma forma expositiva; pregue-a doutrinariamente! A doutrina elucida o texto e nos guia em sua exposição. Além disso, a doutrina irá ajudá-lo a medir a retidão de suas conclusões exegéticas. Tenha cuidado da doutrina! Vive-a e pregue-a!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

É Deus quem estabelece a diferença - A. W. Pink

"Ao Senhor pertence a salvação!" (Jn 2.9), Mas o Senhor não salva a todos. Por que não? Ele salva alguns; e, se salva alguns, por que não salva os demais? Porventura é por que são demasiadamente pecadores e depravados? Não; pois o apóstolo escreveu:
"Fiel é a palavra e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal" (1 Tm 1.15). Por conseguinte, se Deus salvou àquele que foi o "principal" dos pecadores, ninguém é excluído por ser demasiadamente depravado. Então, por que Deus não salva a todos? É por que alguns têm o coração tão endurecido, que não
se deixam vencer? Não, porque está escrito a respeito daqueles que têm o coração mais endurecido do que o de quaisquer outras pessoas: "Tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne" (Ez 11.19). Então, será que alguns são tão obstinados, tão intratáveis, tão atrevidos, que Deus não pode atraí-los para Si? Antes de responder a essa pergunta, vamos formular outra; apelemos para a experiência de pelo menos alguns dentre os do povo do Senhor.

Amigo, não houve um tempo quando você andava segundo o conselho dos ímpios, se detinha no caminho dos pecadores e se assentava junto aos escarnecedores e com aqueles que diziam:
"Não queremos que este reine sobre nós" (Lc 19.14)? Não houve um tempo quando você não queria vir a Cristo para ter vida (Jo 5.40)? Sim, não houve um tempo quando você mesclava a sua voz à daqueles que diziam a Deus: "Retira-te de nós! Não desejamos conhecer os teus caminhos. Que é o Todo-poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos
orações" (Jó 21.14, 15)? Envergonhado, você tem de reconhecer que houve um tempo assim.

Como é que tudo isso mudou? O que o levou a abandonar sua orgulhosa auto-sufíciência, para ser um humilde suplicante; a deixar sua situação de inimizade contra Deus, para fazer as pazes com Ele, passando da rebeldia à sujeição, do ódio ao amor? "Pela graça de Deus, sou o que sou" (1 Co 15.10), responderá você, se é "nascido do Espírito". Você percebe que não é por causa de qualquer falta de poder da parte de Deus que outros rebeldes não são salvos também? Se Deus teve a capacidade de subjugar a sua vontade e ganhar o seu coração, sem interferir em sua responsabilidade moral, então não poderia fazer o mesmo com as outras pessoas? Certamente que sim. Logo, quão incoerente, ilógico e estulto você se mostra em procurar explicar a atual situação dos maus e o destino final deles, argumentando que Deus é incapaz de salvá-los e que eles não deixam que Deus os salve. Você talvez argumente: "Mas chegou o momento em que me
dispus, desejoso de receber a Cristo como meu Salvador". É verdade, mas foi o Senhor quem lhe deu essa disposição (SI 110.3 e Fp 2.13). Nesse caso, por que Deus não faz com que todos se disponham? Pelo fato de que Ele é soberano e age como bem Lhe apraz!

Mas, voltemos à nossa indagação inicial. Por que razão todos não são salvos, especialmente todos
quantos ouvem o evangelho? Você continua argumentando: "Não será porque a maioria se recusa a crer?" Bem, é verdade, mas isso é apenas parte da verdade. É a verdade do lado humano. Há também o lado divino, e esse lado precisa ser ressaltado; caso contrário, Deus será despojado de sua glória. Os não-salvos estão perdidos porque se recusam a crer; os demais estão salvos justamente porque crêem. Mas, por que estes crêem? O que os leva a confiarem em Cristo? Porventura são mais inteligentes do que os seus semelhantes, mais prontos a discernirem a sua própria necessidade de salvação? Longe de nós tal ideia, "Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?" (1 Co 4.7).

É o próprio Deus quem estabelece a diferença entre os eleitos e os não-eleitos, porque está escrito acerca dos que lhe pertencem: "Também sabemos que o Filho de Deus é vindo, e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 Jo 5.20).

A fé é um dom de Deus, e "a fé não é de todos" (2 Ts 3.2). Portanto, vemos que Deus não
concede esse dom a todos. Quem, pois, recebe essa graça salvadora? Nós, seus próprios eleitos, respondemos — "e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna" (At 13.48). Por isso é que lemos: "A fé que é dos eleitos de Deus" (Tt 1.1). Mas, é Deus soberano na distribuição dos seus favores? Não tem Ele o direito de ser assim? Existem ainda aqueles que "murmuram contra o dono da casa"? Então, as próprias palavras do Senhor são resposta suficiente: "Porventura não me é lícito fazer o que quero do que é meu?" (Mt 20.15). Deus é soberano na distribuição dos seus dons, tanto no âmbito das coisas naturais como das espirituais.

Acyr

Gênesis cap.3

Gênesis cap.3

Gn.3: 1- É assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? Podemos ver a grande astúcia da serpente nestas palavras. O diabo não aparece com chifres ou odor de enxofre, mas com grande esperteza e lança uma dúvida veemente sobre a Palavra de Deus. Ele não disse
que Deus havia mentido e nem ataca de forma frontal, apenas lança a semente da dúvida: Foi isso mesmo que Deus disse? Aqui estava lançada a sorte, estava sob ataque o fundamento, o alicerce da fé que a Eva mantinha. Se ela estivesse firmada na Palavra de Deus, não esticaria o assunto, um coração cheio da Palavra de Deus responderia com pressa: “....pelas Palavras dos teus lábios me
guardei das veredas do destruidor”(Sl.17: 4).

Porém, ao invés da simples resposta de fé, Eva permanece no diálogo e responde: Gn.3:3- “Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais”. É incrível que Eva, sem o menor constrangimento, acrescenta
algo a Palavra de Deus. Ela acrescenta a seguinte sentença: “Não comereis e nem nele tocareis”, mas quando lemos a ordem do Senhor em Gn.2: 17, percebemos que Deus não disse nada sobre tocar, Deus apenas disse não comereis.
Vemos que Eva decide ajudar a Deus e dar o seu acréscimo à Palavra, vemos que ela não deseja uma obediência cega, uma fé simples, ela deseja acrescentar o seu estilo, a sua ponderação sobre o
que o Senhor disse.

Satanás sabia que esta era sua oportunidade, sabia que a dúvida havia florescido, percebeu que aquela mulher não tinha completa fidelidade à Palavra de Deus, não tinha noção da magnitude e poder que são inerentes à Palavra. Ele sabia que “um racionalismo polido, um leve duvidar, está muito próximo de infidelidade atrevida; e a infidelidade que se atreve a julgar a Palavra de Deus não está longe do ateísmo que nega a Sua existência”. Eva nunca teria ficado a ouvir a serpente desmentir Deus se não tivesse previamente caído em relaxamento e indiferença quanto à Sua Palavra.

Gn.3: 4 e 5- Após o primeiro vacilo de Eva e sua grave presunção em acrescer palavras humanas à Palavra de Deus, satanás torna-se mais ousado e parte para um segundo e mais insolente ataque. Ele diz à mulher: “Certamente não morrereis, porque Deus sabe que no dia em que dele
comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”. Podemos ver que não há limites para a petulância da serpente, com que perversidade ela leva a mulher a duvidar do amor de Deus, convence a mulher de que se Deus a amasse, não a teria privado de desfrutar de tão grande benefício de conhecimentos. Afirma que Deus estava sendo egoísta e covarde impedindo o homem de conhecer, ao mesmo tempo, o bem e o mal. Ela diz a mulher que o homem bem poderia lidar com esse conhecimento e que, certamente, não morreria, mas seria como Deus, seria igual a Deus, seria portador de todo o conhecimento. Que grande armadilha estava diante de Eva, que
terrível pretensão, que desejo profano estava sendo instalado no frágil coração, um pretenso grito de liberdade, um suposta e falsa independência, uma afronta velada, a criatura feita de barro esbraveja ao Criador, porque me fizeste assim? Sou dono dos meus caminhos, tenho livre arbítrio e decido o meu futuro escolhendo entre o bem e o mal! O homem então sonhou ser seu próprio deus, assim como satanás um dia o fez rejeitando a autoridade e soberania de Seu Criador, “adquiriu um campo com o galardão da iniqüidade; e, precipitando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”(At.1: 18).

Eva não confiou no amor de Deus. Na hora da tentação somos persuadidos a pensar que se Deus nos amasse faria nossa vida mais fácil e nos daria conhecimentos e bens, somos tentados a achar que os caminhos pelos quais o Senhor nos conduz, são por demais espinhosos e que Ele nos priva de muitas coisas a que temos direito. Essa é a voz de satanás! O Verdadeiro filho de Deus, sabe que o caminho “estreito” pelo qual está sendo conduzido é o melhor, não ousa contestar ao Pai e sabe que seu fim será o Reino Eterno de bem aventuranças que palavras humanas não podem descrever.

Desconfiar de Deus é reflexo de não conhecer a Deus intimamente, por este erro todos pereceram, mas o Senhor Jesus, esperança nossa nos diz: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”(Jo.17:3). Não conhecer a Deus é morte e conhecê-Lo é vida. Isto torna a vida algo totalmente fora de nós mesmo e dependente do que Deus é. Seja em que nível for, nunca será dito que vida eterna é “conhecer-se a si mesmo”. Tudo o que somos e ainda seremos dependerá do conhecimento que temos de Deus. Até mesmo o conhecimento que temos de nós mesmos dependerá do que vemos em Deus. A ciência diz:
“Conhece-te a ti mesmo”; mas o crente, confia na Palavra e ouve: “Lembra-te do Teu Criador”, ame-O de todas as tuas forças, coração, entendimento e alma, busque Seu Reinado e todas
as demais coisas vos serão acrescentadas, mesmo o auto-conhecimento, e, também, a verdade acerca de uma natureza completamente manchada pelo pecado que domina todos os mais íntimos desejos do homem não regenerado será desnudada diante de você.

Gn.3: 6- E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Aqui está o princípio de todo falso amor e mais terrível ilusão do coração. Como nos ensina o apóstolo João em sua epístola (IJo.2:16)- Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, näo é do Pai, mas do mundo. Esta é a essência de toda a tentação (tudo o que há no mundo), o cerne da mais vil arma de satanás contra todos os filhos de Deus. Satanás, o príncipe deste mundo(Jo14:30), criou um sistema para agir nas áreas mais fragilizadas pelo pecado, assim, ele sempre nos tenta através de todos os encantos e fascínios mundanos.

-Concupiscência dos olhos (viu a mulher que aquela árvore era agradável aos olhos): Há, quantas belezas e fascínio o diabo tem criado para nos atrair neste mundo, para nos envolver em tantas coisas aparentemente inocentes mas que sempre nos impedirão de ter Deus no centro de nossas vidas. Hoje existem cassinos, Las Vegas, os grandes shoppings e centros de consumo, as artes, os torneios esportivos..... há, quantas coisas para envolver nossa vida afim de que não olhemos mais para nossa verdadeira habitação que é celestial e nos esqueçamos de desejar nosso lar.

-Concupiscência da carne (viu a mulher que a árvore era boa para se comer): Quantos prazeres alimentam nossa carne? Desde as iguarias gastronômicas para aqueles que estão sempre pensando em comer, até a lascívia e libidinosidade para aqueles que fazem da sensualidade um padrão no
consumo de roupas, cosmética e prazeres em filmes e piadas imorais. Desde os filmes de comédia com piadas obscenas até aqueles romances onde os atores se relacionam e se beijam como se casados fossem sendo tudo nada mais que prostituição. Satanás possui uma vasta rede de prazeres “inocentes” para enredar e enganar aqueles que buscam escapar das corrupções deste mundo vão.

-A soberba da vida(RC) ou ostentação dos bens(NVI) (viu a mulher que a árvore era desejável para dar entendimento): E não é este o grande argumento da humanidade independente. O homem pelo homem, caminhando sem dar satisfações a Deus, se dar glória a Deus, buscando os bens da terra e conhecimento sem limites para se vangloriar de seu Feitosa ponto de entoar frases famosas como: “Nem Deus afunda o Titanic”. Assim, o homem constrói seu mundo infiel e empilha lenhas e brasas sobre a própria cabeça ante o furor da ira do Senhor. Muitos se gabam de seus bens, casas e carros. Pensam que para sempre terão boa saúde e pensam que estão acima de todos por possuírem
coisas, quando na verdade, são possuídos por elas e caminham para a destruição de suas almas. Sem dúvida a soberba da vida, o desejo de glória, a paixão por riquezas e sucesso tem sido uma ferramenta poderosíssima nas mãos do inimigo de nossas almas desde o início da criação. Que o Senhor seja nossa força e refúgio para guardar-nos dela.

Gn 3: 7- “Coseram folhas de figueira” para cobrir a nudez. Que terrível engano, o pecado estava instalado no coração do homem, ele se achava auto-suficiente, se achava independente, estava nu, então, precisava resolver isso a sua maneira fazendo roupas a seu estilo. Óh, grande
ilusão! Roupas feitas pelas mãos do homem jamais esconderão sua vergonha. O pecado não será coberto pela figueira (justiça humana, justiça própria), nenhuma boa obra que fizesse o poderia justificar. Só havia uma saída: Na pele de outro, no sangue de outro, no sacrifício e morte de outro, o pecado poderia ser apagado. Deus providencia as roupas, Deus mata e veste o homem com a pele e justiça de “Outro” (Gn3: 21). Ó sublime, ó maravilhosa profecia de nosso substituto na morte de Cruz, o nosso Cordeiro pascal, nossa Eterna redenção, aleluia!!

Gn.3:8 a 12- “Ouvi a Tua voz soar no jardim e temi”. Vemos que parte da promessa feita pela serpente era verdadeira. Comendo da árvore o homem adquirira conhecimento e consciência. Agora o homem conhecia o bem, mas não tinha força para fazê-lo, conhecia o mal, mas não tinha forças para resistir a ele. Muitos insistem em afirmar que a consciência nos levaria a Deus, mas qual foi a atitude de Adão? Em seu primeiro ato de consciência ele acusa a mulher e se mostra um covarde. A consciência produziu vergonha, censura e remorso. Como poderia a compreensão do eu sou levar-me a Deus? Não é certo que eu fugiria Dele após ver minha situação? Mas quando vejo quem Deus é, ÓH aleluia, a Ele irei pelo sangue do Cordeiro e não por meus atos de bondade ou
pelas folhas da figueira.

Observamos que o ponto de partida de toda religiosidade humana se baseia no fato do homem estar nu e desejar vestir-se.
Assim, não tem sido poucos os esforços que a o homem tem empreendido para remediar sua situação. De sorte que ele está claramente nu e todas as suas obras são o resultado de ser ele assim. Devemos saber que estamos vestidos, antes de podermos fazer qualquer coisa para agradar a Deus.

Esta é a diferença entre o verdadeiro cristianismo e a religiosidade humana. Aquele, baseado sobre o fato do homem estar vestido nos méritos de Cristo, este sobre o fato do homem estar nu
desejando justificar-se por alguma obra. A primeira tem como ponto de partida a aquilo que a última tem como seu alvo. Tudo o que um verdadeiro cristão faz é porque está vestido-perfeitamente e adequadamente vestido. Tudo o que o mero religioso faz é com o fim de vestir-se.

Quando Adão ao ouviu a voz do Senhor no jardim, “temeu”, como ele próprio confessou, “estava nu”, ainda que tivesse sobre si o seu vestido de folhas. É claro que esse vestido nem sequer podia satisfazer sua própria consciência, pois “se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus”(IJo.3: 21). Porém se até mesmo a frágil consciência humana não pode achar repouso nos esforços religiosos do homem, quanto menos a santidade de Deus. Adão, assustado fugiu e tentou esconder-se de Deus, pois tudo o que a religião forjada na mente do homem pode oferecer é um esconderijo de Deus.

“E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Adão onde estas”? Ó bendita pergunta, todo o universo criado em perfeição podia mostrar muitos atributos de Deus como sua sabedoria, poder e
onisciência, mas ainda faltava algo a ser aprendido sobre Ele, O Seu Infinito Amor. “Adão, onde estás”? O Criador e Senhor ofendido busca o homem escondido na vergonha do seu pecado. Óh aleluia! Quem poderá medir esse amor tão grande?
Deus primeiro desceu para criar; e, depois que a serpente ousou imiscuir-se na criação, Deus desce para salvar .

Gn.3: 12- “.....A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi”. Quão profundas as marcas do pecado no caráter do homem; todos poderiam ser culpados, a mulher, as circunstancias, até o próprio Deus, mas nunca o EU. Quão dificilmente o pecador reconhece seu
estado, quão dificilmente se lançará aos pés da cruz em profundo clamor por entender que não possui uma só célula em seu corpo que não esteja manchada pelo pecado e que, por isso, precisa, desesperadamente, encontrar o verdadeiro arrependimento.

Gn.3:15- “A semente de mulher”. Pela fé, Adão compreendeu que nada do que ele fizesse traria a libertação do pecado, mas que Deus faria nascer da mulher, daquela mesma mulher que errou, dela mesma, pelo Amor que só Deus possui, dela descenderia o salvador de todos os homens,
assim: “chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes (Gn.3: 20). Ele não a chamou mãe de todos os mortos vivos, mas a chamou Eva, mãe de todos os que vivem.

Gn.3: 17- “Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida”. O pecado afeta toda a criação, a terra fica amaldiçoada por causa do homem. Sabemos que mesmo a terra será redimida pelo fogo (IIPe.3: 7) na revelação de nosso Senhor, agora, porém, esta é a sua condição. Munido deste conhecimento o homem avança por um mundo que está
debaixo da maldição confiando apenas Naquele que abriu um “Novo e Vivo caminho”(Hb10: 20) para a Vida Eterna pela ressurreição dentre os mortos.

Gn.3: 21- “E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu”.
E fez o Senhor Deus.... o orgulhoso coração do homem terá que reconhecer que somente aquilo que Deus fez pode ocultar sua nudez, somente aquilo que é feito em Deus, que tem sua origem em Deus, pode satisfazer a Sua ira bendita contra o pecado.

Gn.3: 24- “E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”. O homem podia desejar voltar, podia desejar e querer, mas não poderia fazer. O caminho estava lacrado, o homem não pode decidir pela vida, ela é dom de Deus, decisão de Deus, dádiva de Deus. Se Adão alcançasse vida eterna em sua condição de pecador, então seria um eterno pecador em uma vida de miséria eterna. Mas não foi assim, Deus abriu um novo caminho, um caminho de morte e ressurreição por Cristo Jesus que diz: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim”(João14: 6).

Acyr

Só para os que realmente foram regenerados - John Owen (1616-1683)

Só um cristão, isto é, uma pessoa que está verdadeiramente unida a Cristo, é capaz de mortificar o pecado.

A mortificação é a obra de cristãos: "Se...vós mortificardes..." (Rom. 8:13). Um homem não
regenerado (isto é, uma pessoa que não está verdadeiramente unida a Cristo pela fé) pode fazer alguma coisa que se pareça com a mortificação mas não pode mortificar um único pecado de uma maneira aceitável a Deus. No capítulo 3 vimos como muitas pessoas sinceramente religiosas (agindo segundo os princípios que lhes foram ensinados pela sua igreja) tentam mortificar seu pecado, mas infelizmente é tudo em vão.

Não estamos sugerindo que somente cristãos são obrigados a mortificar o pecado. Não. A mortificação é um dever (como o arrependimento e a fé) que Deus requer de todos os que ouvem o
evangelho. Aquilo em que estamos insistindo é que só o cristão é capaz de fazê-lo. O incrédulo também é obrigado a fazer isso, porém não é o dever imediato dele. Seu dever imediato é crer no evangelho que lhe foi anunciado.

Sem a ajuda do Espírito de Deus a mortificação não pode ser efetuada. Uma pessoa pode mais facilmente ver sem os olhos, ou falar sem uma língua, do que verdadeiramente mortificar um
pecado sem o Espírito. Mas como pode uma pessoa obter a ajuda do Espírito de Deus? Ele é o Espírito de Cristo e Ele é recebido quando se crê nas boas novas sobre Jesus Cristo - não como um galardão por se ter guardado a lei (veja Gálatas 3: 1-5, especialmente o versículo 1). Todas as tentativas para mortificar qualquer lascívia sem fé em Jesus Cristo será de nenhum valor.

Quando os judeus tiveram convicção de pecado no dia de Pentecoste e exclamaram: "que faremos?", qual foi a resposta de Pedro? Acaso orientou-os no sentido de mortificarem seu orgulho, sua ira, sua malícia, sua crueldade etc? Não. Ele sabia que não era isso que eles precisavam fazer naquela ocasião. O que eles precisavam era ser convertidos, arrepender-se de seus pecados e crer em Jesus Cristo (veja Atos 2: 38). Pedro sabia que a primeira necessidade do homem era
confiar nAquele que ele tinha traspassado e que fazendo isso, o resultado verdadeiro seria a humilhação e mortificação. O mesmo era verdadeiro no ministério de João Batista. Os fariseus colocaram sobre o povo deveres pesados e meios rígidos de mortificação tais como jejuns e abluções. João, contudo, pregou a necessidade imediata de conversão e arrependimento (veja Mateus 3: 8).

O ministério de Cristo foi o mesmo. Ele disse: "Colhem--se, porventura, uvas dos espinheiros ou
figos dos abrolhos?" (Mat. 7: 16). As árvores só podem produzir segundo sua espécie e desse modo Cristo nos diz: "Fazei a árvore boa e o seu fruto (será) bom" (Mat. 12: 33). Noutras palavras, a raiz é que precisa ser tratada. A natureza da árvore precisa ser mudada ou é impossível que a árvore produza bom fruto.

Este fato é tão básico, todavia tão importante, que precisamos gastar mais algum tempo considerando alguns perigos que resultam de o negligenciarmos ou de o ignorarmos.

Focalizaremos apenas três perigos:

1. O perigo de nos desviarmos do dever primário

Quando este fato básico é ignorado ou negligenciado há o perigo de que a mente e a alma de uma pessoa se tornem por demais preocupadas com um dever que não lhes diz respeito propriamente. O dever primário de uma pessoa é se arrepender e crer no evangelho. Enquanto isto não for feito, nenhum outro dever terá qualquer valor real. Uma pessoa pode despender todos os seus esforços tentando mortificar o pecado quando, na realidade, deveria estar concentrando os seus esforços para obter uma fé salvadora em Cristo.

2. O perigo do auto-engano

O dever da mortificação é, em si mesmo, uma boa coisa, desde que seja efetuado somente por aqueles que têm uma fé salvadora em Cristo. O perigo é que a pessoa pode aplicar-se ao
cumprimento deste dever e presumir que devido agir desta maneira, deve estar agradando a Deus. Por exemplo:

a) Em vez de ir ao Grande Médico das almas para buscar cura mediante Sua morte na cruz, uma pessoa pode se ocupar procurando curar-se a si mesmo através da mortificação. "Quando Efraim viu
a sua enfermidade, e Judá a sua chaga, subiu Efraim à Assíria e se dirigiu ao rei principal (Jarebe), que o acudisse" (Os. 5: 13) e, desse modo Judá e Efraim se privaram da cura que Deus poderia lhes ter dado.

b) Visto que o dever da mortificação parece demonstrar muita evidência de sinceridade de sua parte, a pessoa pode ser endurecida por ele numa espécie de justiça própria e pode pensar que seu estado é bom.

3. O perigo de estar desiludido pela falta de sucesso

Um incrédulo pode esforçar-se neste dever e tão-somente para enganar-se. Mais cedo ou mais tarde
ele descobrirá que seu pecado não está sendo mortificado e que ele está mudando de um tipo de pecado para outro. Então ele se desesperará, julgando que nunca terá sucesso e consequentemente entregar-se-á ao poder do pecado.

Acyr

Gênesis capítulo 2

Gen.2: 1 a 3-
O Senhor abençoou e descansou no sétimo dia. O Senhor contemplava toda a perfeição de Sua obra. Ele teve o Seu descanso pois nada mais havia para ser feito, tudo estava pronto em perfeito e santo equilíbrio. “As estrelas da alva juntas alegremente cantavam e todos os filhos de Deus
rejubilavam” (Jó38: 7). Depois disto, lemos que Deus ordenou ao homem que guardasse o sábado, e que o homem falhou completamente em o fazer; mas nunca mais lemos as palavras, “Deus descansou”; pelo contrário, o Senhor Jesus disse: “.....Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também” (Jo5: 17). O Sábado, no sentido próprio e exato do termo, só podia ser celebrado no meio de uma criação imaculada – uma criação na qual não podia ser discernida nódoa de pecado. Deus não pode ter descanso onde há pecado; necessitamos apenas olhar em nossa volta para podermos compreender a impossibilidade absoluta de Deus ter um descanso na criação agora. Os espinhos e cardos,
juntamente com milhares de outros frutos tristes e humilhantes de uma criação em gemidos, levantam-se perante nós e declaram que Deus deve estar a trabalhar e não a descansar (Gen.3: 17e18; Rom.8:19a21). Poderia Deus ter descanso no meio dos suspiros, das lágrimas, dos gemidos e das dores, as enfermidades, a morte, a degradação e culpa de um mundo arruinado? Poderia Deus assentar-Se, na realidade, e celebrar um sábado no meio de tais circunstâncias?(Heb.4:4,5,9e10) O Descanso do sábado foi interrompido e, desde a queda até a encarnação, Deus não deixou de trabalhar; desde a encarnação até a cruz, Deus o filho trabalhou; e desde o Pentecoste até esta data, Deus o Espírito Santo tem estado trabalhando. Certamente que Cristo não teve descanso
quando esteve no mundo. É verdade que Ele acabou a sua obra – porém, onde passou Ele o dia de Sábado? No sepulcro! Sim, O Senhor, O Deus manifestado em carne, Senhor e mantenedor de toda a criação e, também, do sábado, passou o sétimo dia no silêncio sombrio do túmulo. Poderia o
Filho de Deus passar o sétimo dia na sepultura se esse dia fosse para ser passado em paz e descanso, e de sentir que nada mais restava fazer? Impossível! O que fazia o homem enquanto o Filho de Deus estava na sepultura? Guardava o sábado! Que pensamento! Cristo na sepultura para reparar um sábado quebrado, e no entanto o homem procurando guardar o sábado como se ele não tivesse sido quebrado.
Guardavam um sábado do homem e não de Deus. Era um sábado sem Cristo – uma formalidade vazia, ineficaz, sem valor, porque era uma formalidade sem Cristo e sem Deus. “E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro...... Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei
que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito.”(Mt.28: 1,5,6). Que tremenda revelação temos aqui, no primeiro dia da semana, no raiar de um Novo Tempo, de um Novo Testamento, de uma nova dispensação, de uma Nova Aliança de Deus
com Seu povo, o Túmulo estava vazio. No Primeiro Dia da Semana, Ele ressuscitou dentre os mortos; Este não é um novo sábado, mas um dia inteiramente NOVO. É o primeiro dia de um novo período e não o último dia de um velho período. O sétimo dia está ligado com a terra e o
descanso terrestre; o primeiro dia da semana, pelo contrário, introduz-nos no céu e no descanso celestial. Há nisto uma diferença de princípios; Se guardamos o sábado, tornamo-nos desse modo criaturas terrestres, tanto mais que esse dia é, claramente, o descanso da terra – descanso da criação; porém, se eu sou ensinado pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo a compreender a significação do primeiro dia da semana, compreenderei imediatamente a sua ligação íntima
com a nova e celestial ordem de coisas, das quais a morte e ressurreição de Cristo formam o fundamento eterno. O sétimo dia pertencia a Israel e à terra. O primeiro dia da semana
pertence à Igreja e ao céu. Além disso, a Israel foi mandado guardar o dia de sábado: a Igreja tem o privilégio de desfrutar o primeiro dia da semana. O sétimo dia era o ensaio da condição moral de Israel; o primeiro dia a prova significativa da eterna da aceitação da Igreja.
Aquele manifestou o que Israel podia fazer por Deus; este declara perfeitamente o que Deus fez por nós. Como vemos em Apocalípse1: 10 -“ Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta”. O primeiro dia da semana, aqui referido, ou o dia do Senhor, mostra claramente, não o acabamento da criação, mas o triunfo perfeito e
glorioso da redenção. Vemos na história da Igreja primitiva uma clara distinção entre o sábado e o primeiro dia da semana. Os judeus reuniam-se em suas sinagogas, aos sábados para lerem a Lei e os profetas(Atos13: 14 e 17:2e3), os cristãos, guardavam o primeiro dia da semana, reunindo-se para “partir o Pão” (Atos20: 7 e ICor.16:2). Seria justo obrigar os cristãos a guardarem o dia em que o Senhor estava no sepulcro, ou o maravilhoso Dia em que Ele o deixou? (João20: 1e19,20;
Cl.2: 16; Lc.:24:1).“E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada,
sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pós-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco” (João1:1,19,26). É bem provável que se aqui estivesse escrito: “após sete dias Jesus apareceu”. Então alguém poderia entender que no sábado seguinte Ele voltou, mas, propositadamente, lemos que após oito dias Jesus retornou à reunião da Igreja, para que ficasse bem claro que Ele só voltaria no domingo
seguinte!! Não devemos supor que nós perdemos de vista que o sábado será guardado outra vez na terra de Israel e sobre toda a criação: será incontestavelmente: “.......resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb.4: 9). Quando o Senhor Jesus assumir a Sua posição de governo sobre
toda a terra (milênio), haverá um sábado glorioso – um descanso que o pecado nunca mais interromperá. Porém, agora, Ele é rejeitado, e todos os que O conhecem e O amam são chamados a tomar o seu lugar com Ele na Sua rejeição; são chamados para “sair fora do arraial, levando o Seu vitupério” (Hb13: 13). Agora, no entanto, vivemos a realidade de um sábado quebrado e a promessa de um descanso futuro que nos será dado na ressurreição. Apoc.7: 9a17: 9- Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos;10- E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. 11- E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, 12- Dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém.13- E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? 14-E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. 15-Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra.16- Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles.17-Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes
servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima. “As água da vida”- Que promessa maravilhosa temos aqui! Podemos ver claramente, a história da criação sendo recontada com um maior número de detalhes, omitidos na primeira narrativa.Gen.2: 4a17- Observemos que não havia chuva, apenas uma neblina, as águas não eram abundantes e não havia homem para cultivar a terra. Após a criação das plantas, do homem e de toda a vida, Deus fez um rio que saia do Édem para regar o Jardim. Que maravilhosa tipologia temos aqui acerca do Rio da Vida que procede do Senhor.Ex.17: 6 - Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairäo águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciäos de Israel.João 7: 37,38 - E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.38- Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. Salmo 46:4 - Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Podemos ver e Apocalípse 22: 1,2 e 14, o cumprimento do plano eterno do nosso Deus que matará, para sempre a nossa fome e sede de Justiça através do Rio da Vida que vem de Seu Santo trono. 1- E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.2-
No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações.
14- Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.Gen2: 17- Deus ordenara que Adão não se alimentasse de conhecimento do bem misturado com o mal. Deus avisou que disso procederia, irremediavelmente, a morte eterna. A vida de Adão estava pendente da sua obediência. Ele precisava aprender a confiar em Deus, ainda que não compreendesse a razão de tal ordem!O erro de Adão trouxe a morte, a obediência de Cristo nos trouxe a vida e estabeleceu o grande parâmetro: Gen.2:17- “..... no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. No Segundo Homem, em Cristo Jesus nos é dito “crê e viverás”, “aquele que crê no Filho, tem a vida eterna” (Jo.3: 36).
João5:24- “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. Ó sublime promessa, quando tudo era vida, a desobediência trouxe a morte, mas agora, quando
tudo é morte, o Crer em Cristo nos traz a vida. Gn.2: 18,20e21- “E disse o SENHOR Deus: Näo é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele...mas para o homem näo se achava ajudadora idônea. Entäo o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adäo, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar”. Que sublime revelação, o Senhor Deus deseja e estabelece para o homem um padrão, um ajudadora idônea, e vê que em toda a criação não se podia encontrar. Nosso Deus conhece a perfeição, Ele não permite nada menos que a perfeição. Ele decide criar a mulher. Ele é a complitude da obra, o elo perfeito para o primeiro homem. Para a mais profunda e perfeita união, Deus remove a mulher do próprio corpo de
Adão. Para que isso fosse possível, era necessário que Adão adormecesse em sono profundo. Quando acordou de seu sono Adão exclamou: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada”(Gn2: 23). Que sublime ordem de eventos.
Não foi isso que disse o Senhor Jesus acerca de sua crucificação e morte? Joao12: 32- E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. O Senhor estava dizendo que no sono de sua morte de cruz, do Seu corpo, de Seus ossos, de Sua carne, seria tirada A Mulher, a Noiva, a
Igreja – Ef.5: 30,32 Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Do sono profundo do primeiro homem (Adão) foi tirada a primeira mulher. Do sono da morte do segundo Homem (Cristo Jesus) foi tirada a segunda mulher, a Igreja. Em vista de tão sublime revelação, de tão maravilhoso
plano forjado por nosso Deus desde à eternidade, o que mais poderíamos fazer que não nos prostrarmos reverentes ao Rei dos reis, à Sua eterna Bondade e ao Sublime Amor com que nos amou e chamou a tão maravilhosa comissão.
Acyr.

Estudos no livro de Gênesis capítulo 1 corrigido.

-“No princípio criou Deus os céus e a terra”. É notável como o Espírito Santo abre este livro
sublime. No Princípio Deus. No princípio Deus e somente Deus é tudo.... Ele é tudo e todas as outras coisas só passam a existir por causa Dele e para Ele.
Sem Ele, nada do que foi feito se fez. Todo aquele que crê terá um santo e inefável prazer nestas palavras. Não poderemos provar por fósseis, por geologia ou qualquer outra ciência os fatos em que cremos. Apenas compreendemos que Nosso Deus revela-Se a Si mesmo. Faz-Se conhecer por Suas obras: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das Suas mãos” (Sl19: 1).
“Todas as Tuas obras Te louvaram, ó Senhor” (Sl145: 10). “Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor, Deus Todo-Poderoso!” (Apoc.15: 3).

“Levantai ao alto os olhos e vede quem criou estas coisas, quem produz por conta o seu exército,
quem a todos chama pelo seu nome; por causa da grandeza das suas forças e pela fortaleza dos Seu poder, nenhuma faltará” (Is40: 26). “.....os deuses das nações são vaidades; porém o Senhor fez os céus” (ICr16: 26).

-Verso2: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo”. Deus(Elohim-Trino) estava só na criação. Ele olhou na imensidade assolada e viu nela a esfera na qual os Seus planos e desígnios maravilhosos haviam ainda de ser realizados e manifestados- onde o Filho Eterno havia ainda de viver, trabalhar, testificar, sofrer e morrer, a fim de mostrar, à vista de mundos maravilhados, as perfeições gloriosas da Divindade. Tudo era trevas e caos; Deus é o Deus de luz e de ordem. “Deus é luz, e não há Nele treva nenhuma” (IJo1: 5). As trevas e a
confusão não podem viver na Sua presença, quer encaremos o fato pelo ponto de vista moral, físico, intelectual ou espiritual.

“E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. O Senhor põe-se a ponderar acerca do
palco de Suas futuras operações. Só Ele poderia poderia trazer ordem ao caos, fazer separação entre as águas e criar as condições onde a vida pudesse manifesta-se sem medo da morte.

“E disse Deus: Haja Luz. E houve luz”. Quão simples! E, contudo, como é próprio de Deus! “Ele
falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu” (Sl33: 9).

Para os infiéis respondemos: “Pela fé, entendemos que os mundos, pela Palavra de Deus, foram
criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hb11: 3). Esta resposta satisfaz o espírito dócil. A filosofia pode rir-se desdenhosamente chamando de credulidade cega e antiquada à era digital, porém, que grande inaptidão ela possui para entender os desígnios das sagradas escrituras.

-Verso5: “E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre luz e trevas. E Deus chamou
à luz dia; e às trevas chamou noite”. Temos aqui dois grandes símbolos tão largamente empregados em toda a Palavra de Deus. A presença da luz faz o dia; a falta dela faz a noite. O mesmo se dá com a história das almas. Há os filhos da Luz e os filhos das trevas, esta é uma clara e solene diferença e jamais poderá haver mistura. Ninguém pode ser meio luz e meio trevas. Todos aqueles que foram iluminados pelo “Sol da Justiça” (Malaq.4: 2) possuem uma nova natureza e já
nele não habita trevas alguma.

-Verso6a8- “E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas e fez separação entre as águas que
estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão........ E chamou Deus à expansão céu”. Que tremenda esta revelação; a ciência se rende boquiaberta à sabedoria do nosso Deus, Ele nos revela, nesta passagem, que no início de tudo Ele criou o nosso céu atmosférico entre as águas, de tal maneira que uma parte da água ficou suspensa sobre a atmosfera, no exato local onde hoje, provavelmente, temos a camada de ozônio. Esta disposição de um lençol de
água em volta do planeta, fazia com que sobre a terra, ocorresse um clima extraordinariamente perfeito e uma proteção contra os raios cósmicos. Isto é tão definitivo e claro no relato Bíblico que, no término do dilúvio, vemos que (Gen.8: 2) “cerraram-se as fontes do abismo e as janelas do céu” de tal forma que toda aquela água que, até então permaneceu suspensa sobre o firmamento, fosse toda derramada sobre a terra gerando a grande inundação e a completa
mistura das águas do mar com os rios destruindo toda a vida que estivesse fora da arca.

-Verso9e13- Vemos aqui o Senhor ordenando cada detalhe da criação e a tudo dando Suas ordens e
separando as águas dos mares e dos rios e criando cada semente segundo sua espécie, para que jamais houvesse qualquer confusão e toda a natureza obedecesse a perfeita ordenação.

-Verso14: ”E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite..........E fez Deus os dois grandes luminares: O luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas”. O Sol é o grande centro do nosso universo e, em torno dele giram os astros menores. Dele recebem sua luz. O Sol, pode ser visto como figura d`Aquele que, em breve há de levantar-Se para o alvorecer de um dia brilhante de interminável Glória.

A Lua, sendo por si mesma opaca, recebe toda sua luz do Sol. A Lua reflete sempre a Luz do Sol,
salvo quando a terra (mundo) e as suas influências intervém. Poderemos dizer que tipologicamente, assim como o Sol pode ser visto como um símbolo de Cristo, a Lua pode simbolizar a Igreja. Esta não tem luz própria, mas sempre deve refletir a luz de seu Senhor. É através da Igreja que o mundo conhece a Cristo. “Vós sois a nossa carta,......conhecida e
lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo”. (II Cor.3: 2,3).

A Luz da Lua não é sua, ela apenas reflete a luz que recebe. Assim deve ser a Igreja que não é
chamada para se mostrar a si mesma ao mundo. Deve apenas refletir a Luz que recebe e, para isso, deve estudar com santa devoção o caminho que o Senhor trilhou aqui no mundo; e, mediante a energia do Espírito Santo, trilhar esse caminho, sem deixar que as nuvens e neblinas do mundo ofusquem sua missão.

(Obs.: Uma curiosidade acerca da Lua é que, quando vista por um telescópio, lembra uma terra devastada pela destruição e sequidão, um deserto em ruínas. Não tem beleza em si mesma, porém é belíssima quando resplandece e brilha no horizonte pela
luz do Sol nela refletida)

As estrelas. “Uma estrela difere em glória de outra estrela” (ICor.15: 41). Assim será no reino futuro do Filho de Deus, Ele resplandecerá e o Seu corpo a Igreja, refletirá, fielmente, o Seu brilho. Os Santos, individualmente, brilharão nessas esferas que o Justo Juiz lhes distribuir, como galardão do serviço prestado durante a noite da Sua ausência (Lc. 19: 12a19).

-Verso26: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.....à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou; frutificai, e multiplicai-vos e enchei a terra, e sujeitai-a ”. Nota-se a mudança de ele para eles. Não nos é apresentada a criação da mulher em detalhes até o capítulo 2, mas aqui Deus os abençoa e lhes concede governo universal. Eva recebe suas bênçãos em Adão. A mulher era vista como parte do homem, ainda que nem ainda houvesse sido chamada a existência.
“No teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Sl.139: 16).

Assim é com a Igreja- a noiva do segundo homem. Ela era vista desde toda a eternidade em
Cristo, a sua Cabeça; como lemos no primeiro capítulo de Efésios(4): “Como também nos elegeu Nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos irrepreensíveis diante Dele em amor”. Antes que um só membro da Igreja, tivesse respirado o fôlego da vida, todos eram, na mente de Deus, predestinados para serem conforme a imagem de Seu Filho. Os desígnios de Deus tornam a Igreja necessária para completar o homem místico. Por isso a Igreja é chamada “a plenitude Daquele que cumpre tudo em todos”(Ef.1: 23).

Quando olhamos para o plano de Deus na salvação do homem, jamais poderemos pensar que ele é
restrito a individualidade de cada salvo, não, porém Deus está formando um corpo, uma adjutora para o segundo homem. “Não é bom que o homem esteja só:
Far-lhe-ei uma adjutora”(Gn2: 18). “Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher do varão. Porque também o varão não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do varão.....Todavia, nem o varão é sem a mulher, nem a mulher sem o varão, no Senhor. Porque, como a mulher provém do varão, assim também o varão provém da mulher, mas tudo vem de Deus”(I Cor.11: 8 a 12). Deus não deixou o primeiro homem sem uma adjutora e nem tampouco deixará o segundo. Óh
que pensamento sublime: Assim como haveria um vazio na criação sem Eva, haveria uma falta na Nova Criação sem a noiva de Cristo, a Igreja. (Ef.1: 18 a 23).

Acyr.