sábado, 10 de dezembro de 2011

Genesis capítulo 4

Caim e Abel, diferentes atitudes de dois pecadores perante Deus.

Gn.4: 1- Podemos ver que Eva guardava o sentido da religiosidade e da gratidão a Deus e, apesar de terem sido expulsos do Éden, ela louva ao Senhor com gratidão pelo nascimento de seu filho.

Gn.4: 2a5- Aqui podemos ver a clara diferença de um crente que conhece ao
Senhor e de um que é apenas participante da Igreja. O que diferenciava esses
dois adoradores? Seria uma questão de caráter, um teria o coração melhor que o
outro? Seria uma questão de natureza?

Pela Palavra de Deus compreendemos que depois da queda, ambos possuíam uma natureza decaída e contaminada pelo pecado e que nada havia de natural que
os distinguisse, ambos eram pecadores, quem é “nascido da carne é carne” (Jo3: 6).
Podemos glorificar a Deus, pois aqui, nestes dois irmãos iremos ver a
manifestação da graça de Deus através do Dom da Fé que vem de Deus. Adão se
tornou o líder de uma raça caída, que pela sua “desobediência”, foi feita de
“pecadores” (Rom.5: 19). Sabemos que Adão, pela fé, implantada em seu coração,
ouviu do Senhor a Grande Promessa que da semente da mulher Nasceria o Salvador
pra esmagar a cabeça da serpente. Pela fé, ele poderia esperar Aquele que pela
morte iria vencer a morte, Aquele que pelo Seu Sangue Bendito derramado na Cruz abriria um vivo e perfeito caminho de volta à comunhão com Deus.

Rm.5: 12,18,19- As duas naturezas. Uma recebida de Adão, outra de Cristo.
Sabemos que a maneira de recebermos a natureza do primeiro homem é por meio do
nascimento, assim também o modo de recebermos a natureza do Segundo homem é por meio do Novo Nascimento.

Adão pôde compreender que “a vida da carne esta no sangue” (Gn.9: 4) e que “sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados (Hb.9: 22). Ele
esperava um salvador, ele desejava um salvador, ele compreendeu que não havia
nada nele mesmo e nada que ele pudesse FAZER por si mesmo afim de se salvar e
estabelecer relacionamento com o Pai, ele havia compreendido que deveria
vestir-se com a pele de outro (Gn.3: 21), com a Justiça de Outro, com o
sacrifício de Outro, afim de ser justificado e aceito. Ele tinha essa fé, mas
não poderia transmiti-la a seus filhos, ela era uma possessão divina. Não era
hereditária. Adão podia ensinar a seus filhos métodos, costumes e ritos
oferecidos ao Senhor, mas a fé, cada um receberia do Senhor.

Desta forma, um bebê recém nascido, ainda que nada tenha feito de errado, é participante da natureza decaída de Adão. Assim também, um recém nascido de Deus, uma alma regenerada, embora nada tenha feito à semelhança da perfeita obediência do homem Cristo Jesus, é, contudo participante de Sua Natureza Santa e Perfeita!! “Oh Aleluia e Glória ao Nosso Deus”!

Onde estava a diferença entre Caim e Abel. Estaria em suas naturezas?
Ambos não eram pecadores? O que os distinguia? A diferença não apareceu neles,
em suas naturezas ou circunstâncias, mas em seus sacrifícios. Isto está
claramente relatado em Hb.11: 4- “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala”.

Porque a Bíblia diz que Abel possuía fé? Qual era a mensagem de seu
sacrifício? Vamos entender isso comparando com aquilo que Caim ofereceu.

Gn.4: 3- E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra
uma oferta ao SENHOR. Caim, o irmão mais velho e, provavelmente, o mais forte,
herdou de seu pai Adão, a profissão de lavrador da terra. Sem ferramentas
agrícolas, tratores ou incrementos, com muito suor e esforço, lavrou a terra
que estava debaixo da maldição de Deus e colheu o melhor de seus frutos para
oferecer ao Senhor. Não podemos duvidar da sinceridade de Caim e de sua grande
tristeza ao perceber que Deus rejeitara o seu sacrifício. Facilmente podemos perceber que ele era um homem de caráter forte e grande orgulho, ela havia aprendido folhas de figueira (obras humanas) não poderiam esconder a vergonha da nudez do pecado (Gn.3: 7), seus pais já haviam tentado esse método, o método da justiça humana, esforço humano, auto-justificação. Ele sabia que somente o sangue de outro cobria a nudez (Gn.3: 21), mas ele tinha muita convicção de que seu método, seu sacrifício SEM sangue, poderia agradar a Deus, ele não desejava ouvir os velhos ensinos transmitidos por seu pai. Afinal, Ele trabalhou tanto, ele era bom em lavrar a terra e, se ele era bom em cuidar da terra, porque não oferecer do fruto dela ao Senhor. Ele deve ter pensado que com seu grande esforço e sacrifício ele poderia se aproximar de Deus, ele poderia ser justificado por si mesmo, por suas boas obras na terra, seria auto-suficiente quanto à salvação.

Ele não compreendeu que sem vida sacrificada, não pode haver aproximação
de Deus. Vemos que nosso Mestre Jesus “andou fazendo o bem” em toda a sua vida
(At.10: 38), mas foi a Sua morte de Cruz que rasgou o véu de separação
(Mt.27: 51). Quanto orgulho e presunção havia em Caim quando criou seu próprio
método de adoração, recusando-se a crer que somente o método de Deus é
aceitável a Deus e que somente pelo sangue do Cordeiro Santo, podemos ser
justificado e somente a crucificação da natureza adâmica dá lugar a Natureza de Cristo. Ele não teve fé para entender que “Deus não é servido por mãos de
homens, como que necessitando de alguma coisa” (At.17: 25), não entendeu que a
salvação não é por nossos méritos ou obras, mas que tudo vem de Deus (Rm.11: 35) e que das mãos Dele recebemos (ICr.29: 14). Não temos nenhuma virtude, esforço ou bondade que possa impressionar a Deus, temos que aprender que dependemos Dele em tudo e que nosso papel é aceitar o que Ele nos oferece, aceitar Sua Bendita Graça, Seu Bendito Sacrifício e Seu próprio Sangue que nos lavou e remiu e que, pela Fé, Abel compreendeu e profetizou quando derramou o sangue de seu cordeiro diante do altar.

Gn.4: 4- “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta”. Abel
compreendeu, pela fé, a grande verdade que ele poderia por entre si e as
conseqüências de seu pecado, a morte de outrem, um substituto para carregar a
morte decorrente do pecado. Uma vítima imaculada para cumprir as exigências da
Santidade de Deus, assim: “......nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a
morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” (IITim.1: 10). Ao
invés de oferecer os frutos de uma “terra amaldiçoada” (Gn.3: 17) a Deus, Abel
reconhece sua culpa, seu estado de pecado e encontra um “substituto” para
morrer em seu lugar, morrendo a morte destinada ao pecador, “porque o salário
do pecado é a morte” (Rm6: 23). Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos
paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm.5: 1), “pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era
justo” (Hb.11: 4). Nada tem a ver com sentimentos, apenas fé!

Porque Abel ofereceu o sangue e a gordura? O Sangue representava a “vida” e a gordura a excelência, por isso a Lei dada a Moisés proibia que se comesse o sangue (Gn.9: 4; Lv.17:11). “Estatuto perpétuo é pelas vossas geraçöes, em todas as vossas habitações: nenhuma gordura nem sangue algum comereis” (Lv3: 17). Ó maravilhoso sacrifício realizado por Nosso Senhor Jesus:
Ele derramou todo o Seu bendito Sangue e em Sua ressurreição Ele diz: “um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc.24: 39). Ele não diz carne e SANGUE, Ele diz carne e ossos. Porque motivo? Porque aquilo que foi ofertado por nossa vida e deixado na Cruz, Ele não poderia reaver, foi ofertado ao Pai. Algo que muito impressionou os Judeus foi a afirmação do Senhor Jesus: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo.6: 54) “meu sangue verdadeiramente é bebida” (Jo.6:55). Todo Judeu sabia que jamais poderia beber sangue, mas aqui o Senhor Jesus diz que deveriam beber do bendito sangue porque “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo.1: 4). Neste sangue derramado temos a vida, o Senhor doou todo o Seu sangue em nosso favor, este sangue agora esta a disposição de todo o pecador contrito e arrependido que se volta para Deus em busca da Verdadeira Vida.

Vemos na história de Caim e Abel a clara identificação dos ofertantes com os seus sacrifícios. De Abel diz a Palavra: “Deus dá testemunhos de seus dons” (Hb.11: 4). Deus justifica e abençoa Abel pelo seu “dom” ou sua dádiva,sua oferta. O que diferenciou Abel foi o seu sacrifício e não suas qualidades
de um pecador mais “bonzinho” ou menos “mal”. Este é um ensino tremendo para a
Igreja de nossos dias, que jamais venhamos a oferecer a Deus sacrifícios de
nossa criatividade ou da beleza de nossas obras na terra, mas que não reflitam
o Verdadeiro sacrifício de Cristo na Cruz.

Na versão dos LXX ou septuaginta lemos em Gn.4: 7- “Se bem fizeres ou se
fizeres sua oferta corretamente, não é certo que serás aceito?” Temos um
tremenda revelação neste indagação, porque vemos dois religiosos apresentando
duas ofertas, uma segundo o modelo Bíblico, outra segundo o modelo humano e
terreno, um que baseava no sangue ofertado, outro que seguia a cultura ou o
“cultivo da terra”, um era de fato celestial, o outro era terreno e mundano.
Por fim, o falso adorador, o falso religioso, passa a odiar seu irmão a ponto
de perseguir e matar, não é assim que sempre ocorre em todas as eras da Igreja?

Que tragédia ocorreu com Caim, por ignorar o caráter de Deus ele disse que seu pecado era grande demais para ser perdoado e saiu da presença de Deus
para construir uma cidade e teve na sua família os inventores e apreciadores
das ciências úteis e ornamentais – agrônomos, músicos e mestres de todas as
obras de metais. Ele não queria o perdão, porque não queria Deus. Era
radicalmente corrupto e fundamentalmente mau, mas não tinha o sentido exato de
sua condição. Tudo o que desejava era fugir da presença de Deus e perder-se no
mundo com suas ocupações. Pensou que podia viver muito bem sem Deus, e portanto dispôs-se a aformosear o mundo, tanto quanto pôde, com o fim de o tornar um lugar aprazível, e ele próprio um homem digno de respeito nele; embora aos olhos de Deus o mundo estivesse debaixo de maldição, e ele fosse um “fugitivo e vagabundo” (Gn.4: 12).

Assim ficou estabelecido o caminho de Caim. Todos aquele que desejam
oferecer algo a Deus, deseja apresentar o resultado de seu labor,
desconhecem-se a si próprios, vivem na ignorância do caráter de Deus, mas
possuem uma religião, desejam “melhorar o mundo”, tornar a vida agradável em
vários modos, adornar a cena com cores mais belas e finalmente, o Remédio de
Deus é rejeitado, e os esforços do homem para melhorar sua condição é posto em
seu lugar.

O sangue de Abel clama da terra, mas o som das harpas e instrumentos feitos pelos filhos Caim abafam esse som. Em nossos dias o Sangue do Filho de Deus foi derramado sobre a terra e assim como Abel, ao invés de edificar uma
cidade na terra, ele achou apenas uma sepultura em suas entranhas e a Sua
cidade é a Jerusalém celestial.
Na terra os filhos de Caim possuem sua pátria, mas nós, os filhos de Deus,
declaramos: “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fil.3: 20).

Acyr

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