sábado, 14 de abril de 2012

Gênesis 11

Gênesis 11: Estecapítulo é de especial interesse para a mente espiritual, pois registra dois fatos profundamente opostos e importantes para nossa compreensão de todo ensino Bíblico, a saber: A edificação de Babel e a chamada de Abraão, ou, por outras palavras, o esforço do homem para suprir as suas necessidades, e a provisão de Deus dada a conhecer à fé – a diligência do homem para se estabelecer na terra, e Deus chamando um homem para sair dela, para ter a sua porção e o seu lar no céu.
Gen.11: 1a4 – “E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala. E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali...E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”. O coração humano procura sempre um nome, uma parte, e um centro na terra. Tem pouquíssima ou nenhuma preocupação quanto ao céu, ao Deus do céu e a glória de Seu Reino. O
homem mostra claramente que não desejava um lugar para a habitação de Deus, mas apenas para o seu próprio nome e glória pessoal. Após o pecado o homem
tornou-se rasteiro, apegado à terra, orgulhoso e mantendo uma consistência melancólica em todos os seus propósitos: Procura por sempre Deus a parte e exaltar a si mesmo.
Na história do homem sempre poderemos ver uma tendência para a associação e confederação, da mesma forma que vemos na Babilônia esta manifestação do gênio e da energia do homem em construir um império sem Deus. Os homens tendem a associar-se, seja na filantropia, na política e mesmo na religião, para sentirem-se fortes e poderosos; se olharmos a nossa volta, veremos um mundo cheio de associações, a maioria delas organizadas com o fim de promover os interesses humanos e exaltar o nome do homem. O cristão deve apenas conhecer uma associação, e esta é a Igreja do Deus vivo, unida pelo Espírito Santo, que veio do céu como testemunha da glorificação de Cristo, para batizar os crentes num corpo, e constituí-los em lugar de habitação de Deus. Babilônia é o oposto disso e torna-se, por fim, “morada de demônios”(Apoc.18: 2).
Gn.11: 5a9- “E o SENHOR disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim o SENHOR os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade”. Aqui vemos o primeiro intento dos homens em fazer uma confederação, uma união em torno de seus próprios nomes. O Senhor desfaz por completo esse intento enviando a confusão das línguas, pois o alvo
da união possuía um foco absolutamente errado e humanista. Quando lemos o
segundo capítulo de Atos, vemos a repetição do fenômeno das línguas fazendo um trabalho completamente oposto, unindo ao invés de espalhar. O Espírito Santo habilitou os mensageiros da graça a darem a sua mensagem na própria língua em que cada ouvinte havia nascido (Atos2: 8). Deus desejou alcançar o coração do homem com a doce história da Graça! A Lei dada do monte em fogo não foi assim promulgada (Heb.12: 18a21). Quando Deus dizia o que o homem deveria ser, falou só numa língua e deu a lei mosaica; Mas quando disse o que Ele Próprio Era, em sua Graça Majestosa, falou em muitas línguas. A graça passou sobre a barreira que a vaidade e loucura do homem tinham dado causa a que fosse erguida, a fim de que cada homem pudesse ouvir e compreender as boas novas da salvação (em seu próprio idioma
natal). E com que objetivo? A fim de associar o homem sob o terreno de Deus, em volta do centro de Deus e segundo os princípios de Deus. Era para lhes dar, na realidade, uma língua, um centro, um objetivo, uma esperança, uma vida. Era para os ajuntar de tal maneira que nunca mais fossem espalhados ou confundidos; para lhes dar um NOME e um LUGAR que deveriam perdurar para sempre; para lhes edificar uma torre cujo topo não só chegaria ao céu, mas cujos fundamentos inabaláveis, lançados pela mão onipotente do próprio Deus, estariam no céu. Era para os ajuntar em volta da pessoa gloriosa de um Cristo ressuscitado e exaltado, e uni-los a todos num grande desígnio de louvor e adoração. Em Apoc.7: 9 vemos a consumação deste plano maravilhoso de Deus em que pessoas de todas as tribos línguas e nações estarão congregados para adorar O Cordeiro de Deus.
Assim, claramente, podemos distinguir as línguas da confusão e divisão em Babel e as Línguas de união e de clara mensagem em Pentecoste. Esta é conduzida pela energia do Espírito Santo, aquela pela energia profana do homem pecador querendo ser grande. Uma tem como seu objetivo a exaltação de Cristo, a outra tem como seu alvo a exaltação do homem. E nisto o apóstolo Paulo declara: “O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo...” (ICor.14: 4) Que triste derrota para a Igreja quando seus membros estão interessados em “edificar para si mesmos”, construir nomes para si mesmos, em detrimento do crescimento e edificação da Igreja que exalta Cristo. O Apóstolo continua dizendo: “....mas o que profetiza (ensina a Palavra de Deus) edifica a Igreja”. Vemos, claramente que, no texto de ICor.14 ocorre uma tentativa de se recriar as línguas da confusão e divisão, mas o Apóstolo exorta: “Dou graças a Deus porque falo mais línguas do que todos vós (hebraico, aramaico, grego, latim, árabe). Todavia, eu antes quero falar na Igreja cinco palavras na minha própria inteligência (palavras
claras e bem compreendidas), para que possa também instruir (ensinar) os
outros, do que dez mil palavras (que nem eu entendo) em língua desconhecida”
(ICor.14: 18e19). Fica claro que, seria uma grande demonstração de grandeza
pessoal, o falar em muitas línguas desconhecidas por aquele povo, de tal forma que as pessoas nada entenderiam porém, poderiam aplaudir a eloqüência do locutor cheio de dons; mas Paulo esclarece que ele não desejava esse tipo de Glória e edificação pessoal, pois ele se preocupava com o ensino da Igreja, com a mensagem clara e bem explicada da Palavra de Deus. Ele complementa: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento (estudem a Bíblia), mas sede meninos na malícia (nesse desejo de glória pessoal), e adultos no entendimento. Está escrito na Lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo (línguas humanas, obviamente, porém, de outras nações, não judeus); ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis (crentes gentios), mas para os infiéis (judeus que rejeitaram o messias); e a profecia (ensino claro da Palavra) não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis (Igreja).
Precisamos entender que algumas pessoas se levantaram na Igreja de Corinto buscando uma glória e edificação pessoal, por isso, houve a necessidade da intervenção do Apóstolo Paulo, deixando claro que todos poderiam falar em outras línguas e manifestar esse dom maravilhoso da Igreja, que deve unir todas as tribos, línguas e nações em torno da Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Assim, ele declara: “Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar” (ICor.14: 9). No pentecoste, o grande sinal das línguas foi dado aos judeus incrédulos afim de que soubessem que a profecia de Isaias28: 11e12 estava se cumprindo, revelando que a Graça de Deus já não estaria restrita a língua hebraica. Após este sinal maravilhoso, a Igreja continuou crescendo e crescendo; nos dias de hoje, atingindo, cada vez mais, muitas línguas e povos distantes. O maravilhoso dom de línguas continua fazendo com que cada um entenda a Palavra de Deus em sua própria língua materna, traduzindo a Bíblia e pregando o evangelho nos idiomas de cada nação. Esta é a obra maravilhosa do Pentecoste, línguas de união, línguas que trazem as boas novas a todos os povos, de todos os países e raças; nisto consiste a enorme diferença entre Babel e Pentecoste. Ficando assim muito claro que, as línguas que dividem e confundem possuem sua origem em Babel, as línguas que ensinam a Palavra de Deus com clareza e que unem os povos em torno de Cristo e solidifica a Igreja, nasceram em Pentecoste. Que jamais venhamos a esquecer essa diferença e nem confundir suas funções.
Gn.11: 11a32 – Nesta passagem, gostaria de apresentar uma curiosidade interessante acerca da genealogia de Sem. Em Gn.6: 3, O Senhor havia determinado encurtar a vida do homem para 120 anos e podemos perceber claramente aqui, a forma como o Senhor faz cumprir esta sentença na vida dos patriarcas encurtando seus anos, um pouco a cada geração. Vejamos: E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos. E viveu Arfaxade depois que gerou a Selá, quatrocentos e três anos. E viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos. E viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos. E viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos. E viveu Naor, depois que gerou a Terá, cento e dezenove
anos. Vemos que Terá, pai de Abraão morre com119 anos, provavelmente em boa
velhice. Ainda que alguns personagens, como o próprio Abraão, tenham passado
dos 120 anos, é fácil observar que as idades foram encurtadas e que os 120 anos se tornaram um limite bem definido para os seres humanos, provando, mais uma vez, a coerência absoluta da Palavra de Deus.

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