terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Destino de Lázaro.


O destino de Lázaro.


Lucas 16: 25 - Disse, porém Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu em tormentos.

Certamente
ao leitor desatento, este pode ser um texto que, facilmente, passaria despercebido, no entanto, quero meditar acerca de alguns ensinos contidos nestas Palavras de nosso Senhor Jesus Cristo.

Primeiramente, gostaria de realçar a frase : “Lázaro igualmente males”. Qual o real sentido do advérbio igualmente neste contexto? Parece-nos, aqui, que o Senhor esta
utilizando de uma comparação na qual o homem rico estaria tendo um sofrimento
diretamente proporcional ao luxo e as regalias que havia tido em sua vida terrena. Abraão diz: “Lembra-te”, você recebeu seus bens, suas recompensas, seus imóveis, seus carros em sua vida e agora, na mesma proporção recebe sofrimentos e dores. Creio que não seria difícil inferir que o Senhor estivesse falando acerca de algo muito sério, se voltarmos aos versículos 8 e 9 de Lucas16, veremos o Senhor dizendo em outra parábola: “Os filhos do mundo são mais hábeis (espertos e capacitados em relação ao uso do dinheiro) na sua própria geração do que os filhos da luz. E eu vos digo:
Granjeai amigos com as riquezas da injustiça (tudo o que se refere a dinheiro possui ligação com injustiça); para que, quando estas vos faltarem (sua morte) vos recebam eles (pessoas que você abençoou) nos tabernáculos eternos (céu).

Desta forma, o Senhor classifica o dinheiro como: “Riquezas da injustiça”; para muitos, o Senhor Jesus cometeu um forte exagero nesta classificação, afinal , Ele mesmo
mandou que Pedro apanhasse um estáter para pagar sua entrada na cidade de Cafarnaum (Mateus17: 27), portanto, Ele, também, utilizou dinheiro, de alguma forma, para Seu próprio benefício. Eu afirmo, irmãos, que nisto não há contradição alguma! O Senhor Jesus esta ensinando que há algo sobre a terra carregado de iniqüidade e injustiça e, esse algo, é o dinheiro, mas que mesmo esse algo, pode, de alguma forma, ajudar pessoas e precisamos, desesperadamente, ser sábios, ponderados e diligentes na forma como utilizamos nossos recursos materiais, para que eles se tornem bênçãos e não maldições em nossas vidas.

Talvez alguém possa argumentar: “Se a salvação é somente pela fé, então temos aqui uma grande contradição, afinal, não é justo que um homem tenha ido para o inferno
apenas por ser rico e ter gozado das benesses e regalias da riqueza! Qual é o
problema em possuir muitas riquezas e batalhar por elas? Nós até vemos tantas
pessoas dando testemunho que pela fé compraram casas, compraram carros,
compraram coisas, coisas e coisas”. Quero observar que não vemos muitos
testemunhos de pessoas que pela fé compraram sacolões e distribuíram aos
pobres, ainda que, saibamos do fato de que estas pessoas existem. No entanto, por obedecerem o ensino de Jesus, que ordena: “Mas, quando tu deres esmola, não
saiba a tua mão esquerda o que faz a direita; Quando, pois, deres esmola, não faça tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas (templos evangélicos) e nas ruas, para serem glorificados pelos homens (Mt.6: 2a4), estão, portanto, no anonimato, sendo conhecidos, em sua maioria, apenas por Deus.

A este argumento, respondo: Sei que muitos acreditam que utilizando a fé alcançaram muitos bens neste mundo, mas temo que para estes, as Palavras de nosso Senhor dizem: “Os filhos deste mundo são mais hábeis em sua geração......” Não creio que Deus deva ser responsabilizado por estes testemunhos que tratam apenas de negócios desta geração terrena que possui olhos tão fixos neste mundo e nos bens
materiais.

Voltando ao nosso versículo, pensemos: Ao mandar o rico para o inferno, fez injustiça o nosso Deus? Afinal o texto não diz que o homem era um adúltero, um ladrão, um homicida, um assassino, ou que tenha quebrado os dez mandamentos da Lei, não diz nada disso, diz apenas que era um homem próspero e que sabia aproveitar e se beneficiar de suas riquezas.
Estas riquezas podem ter sido adquiridas de forma honesta, com trabalho honesto, não somos informados quanto a isso. O texto apenas diz que o homem tinha muito bom gosto ao se vestir, usava boas grifes, usava púrpura, a cor mais cara e difícil daquela época, ele, afinal, seguia a tendência da moda, diz o texto, também, que ele vivia regalada e esplendidamente, em outras palavras, ele dava a si mesmo todos os presentes ou regalos que o seu dinheiro pudesse comprar, talvez fizesse muitas viagens e fosse a vários shoppings de sua época, utilizava bem o dinheiro que possuía, afinal, neste pequeno texto não podemos saber muita acerca deste homem, mas, de uma coisa podemos ter certeza, esse homem era um crente!

Ele conhecia a Bíblia, conhecia tão bem a Abraão, o pai da fé, que o reconheceu de imediato, assim que colocou os olhos no ancião sobre o qual Lázaro se reclinava. Ele
sabia que era Abraão, ainda que nunca tivesse visto uma foto sequer; Abraão era
um homem que havia vivido cerca de 2000 anos antes dessa parábola, não haviam
fotos, legendas ou retratos que o ajudassem, mas ao abrir os olhos no desespero
do inferno, este crente rico sabia o que estava acontecendo, ele sabia diante de quem estava e, agora, também poderia compreender melhor a razão de estar na prisão eterna cuja sentença jamais será revogada.

Podemos ter a mais completa certeza de que este homem era um crente, conhecia a Bíblia, conhecia os personagens da Bíblia, compreendia que seus familiares também teriam um destino como o seu. Então ele pede a Abraão para avisar seus familiares antes que também fossem enviados para o lugar de tormento. Mas em resposta, Abraão diz: “Eles têm Moisés e os profetas (na Bíblia) ; ouçam-nos”.
Ou seja, nos ouçam, nossas palavras estão registradas naquelas escrituras que
semanas após semanas são lidas na Igreja, porque vocês não ouvem?

Alguém, ainda pode insistir que, se as riquezas podem condenar um homem ao inferno, então a salvação é por obras e não por fé, afinal disse Jesus ao jovem rico: “Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um
tesouro no céu; vem, e segue-me”(Lc.18: 22). Aqui podemos ver uma troca bem delimitada, uma condição para se ter um tesouro no céu. A isto Tiago2: 17 acrescenta: “A fé sem obras é morta”. E Paulo diz a ITimóteo 6: 9 : “Ora, os que querem ficar ricos caem em grande tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição”.

Bom , depois disto, podemos até pensar que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.

Quero deixar claro que a salvação não é dada pelas obras, mas como disse o Espírito Santo em Romanos3: 22- pela “Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo”.
Quero, também, esclarecer que as riquezas não têm poder para impedir que um
homem seja salvo e que um homem rico poderá ser tão salvo quanto um pobre
Lázaro e desejo mostrar que, “onde estiver o seu tesouro ai estará também seu coração” e, que a essência de todos estes textos não é para condenar os ricos deste mundo ao inferno, mas trazer um forte grito de alerta a todo aquele que possui bens neste mundo e a forma como utiliza esses bens! Quero esclarecer ainda, que a salvação se dá pela fé na Obra redentora de nosso Senhor Jesus Cristo e no fato de receber os méritos por Ele adquiridos na cruz do Calvário quando deposito Nele minha fé e esperanças e, não fui salvo por minhas obras, mas minhas obras dão testemunho da minha salvação. As boas obras espelham e refletem a vida de um salvo! Elas dão
testemunho quando gritam ao mundo perdido que meu coração não está doente de
amores pelo glamour e pelos valores desta geração, dão testemunho quando abro
mão do meu conforto para ajudar os necessitados e dão testemunho que confio no
suprimento diário dado pelo Senhor Jesus e não vivo ansioso pela glória dos
homens, dadas àqueles que se vestem de púrpura e são cheios da soberba da vida!

O Senhor Jesus esclarece (Mateus13: 22) que muitos se tornariam crentes,
receberiam a Palavra, estariam nas Igrejas, “mas os cuidados desta vida e a fascinação das riquezas sufocariam” o efeito da “Palavra e estes ficariam infrutíferos” e jamais poderiam ter o fruto do Espírito em suas vidas. Não creio que essas pessoas deixem a congregação, elas estão na Igreja, elas passam a vida na Igreja, elas até pregam o evangelho e agregam muitos outros ao sistema religioso, trazem os amigos e dizem: “Olha, venha para a Igreja, Jesus não faz exigências desagradáveis, você só precisa ter um padrão moral mais elevado e não cometer pecados grosseiros”! Mas a santificação da mente, aquilo que está oculto aos olhos dos homens, aquilo que somente eu sei que desejo e alimento em meu coração, esses desejos, esses impulsos, jamais serão removidos, jamais haverá o Fruto completo do Espírito: A
nossa Santificação.

E, quero finalizar, afirmando que, aquele homem não acordou no inferno somente por ser rico, mas apenas porque aprendeu a viver regaladamente e isso cegou seus olhos para todo o resto, seu coração cuidou do seu tesouro, ele gostava de coisas caras, “coisas de griff”, ele gastava seu tempo com muitas diversões consideradas “inocentes” em nosso cristianismo moderno como: Shoppings, televisão, vídeo games, celulares de última geração e tudo aquilo que atrai nossos olhos para este mundo que “jaz no maligno”(IJoão5: 19) e que sempre acaba por tornar-se nosso maior tesouro e fonte de todo o interesse de nossos corações.

Quero, também, acrescentar que, no mundo de hoje, qualquer indivíduo de classe média vive muito mais regaladamente que os maiores reis e sultões da antiguidade, pois a facilidade de entretenimentos e diversões que regala a vida de um cidadão comum de nossas dias, jamais foi alcançada nem mesmo por Salomão em seu dias de glória, e que todos estes regalos da vida moderna que pressionam os pais a dar celulares e jogos de computadores aos seus filhos são cadeias poderosíssimas que farão muitos cristãos nominais acordarem no inferno e ouvirem do nosso Senhor: “Filho, lembraste que recebeste os teus bens em tua vida.....”

Que Deus muito os abençoe!

Irmão Acyr.

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